Na abertura do 5° Congresso Nacional do Movimento Brasil Livre ( MBL ), lideranças do grupo compararam nesta sexta-feira a direita bolsonarista à esquerda lulista e prometeram reação contra o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli , por acesso a dados do antigo Coaf . O movimento, que ganhou protagonismo nas manifestações pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff em 2016, chega a seu congresso este ano rompido com o presidente Jair Bolsonaro e setores da direita que o apoiam.
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O advogado do MBL referiu-se à parte da direita como "subserviente" a Bolsonaro, e a comparou aos apoiadores do ex-presidente Lula.
"Não dá para alguém ser de direita dizendo 'Bolsonaro, eu te amo', sendo subserviente ao presidente da República a qualquer ato. Se vocês votaram contra o PT para abençoar qualquer coisa que o presidente faça, vocês trocaram um Lula pelo outro. Porque as pessoas que estavam na porta da superintendência da PF em Curitiba gritando 'Lula, eu te amo' são iguais àquelas que estavam na Paulista gritando Bolsonaro eu te amo", afirmou o advogado do MBL.
Serão dois dias de debates em um hotel na capital paulista em que a linha central será se apresentar como uma direita diferente daquela ligada ao bolsonarismo, o que vem sendo chamado de MBL 3.0. Advogado do movimento, Rubinho Nunes adiantou na abertura do evento que o MBL tomará medidas contra o pedido que Toffoli fez ao Banco Central para ter cópia de relatórios de inteligência do extinto Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) dos últimos três anos.
" Dias Toffoli , que sequestrou neste ato dados de 600 mil pessoas que estavam no Coaf, fez um ato totalmente ilegal. Aonde eles pretendem chegar? Quem é a pessoa que vai ser achacada com esses dados? A partir de segunda-feira a gente vai tomar medidas contra esse ofício que Dias Toffoli fez", disse.
Nunes não quis dar detalhes da medida que o grupo pretende tomar. A declaração foi feita durante o primeiro painel do congresso nesta manhã, do qual participaram os principais líderes do movimento e não faltaram críticas ao presidente e seus apoiadores. O deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP) acusou o movimento bolsonarista de não pensar em soluções de longo prazo para os problemas graves brasileiros como a desigualdade social.
"Falta presença propositiva da direita para solucionar problemas que vão além da economia. Não vamos sobreviver (a direita conservadora) se não tivermos respostas estruturantes. Não adianta dar aspirina. É preciso penicilina", afirmou Kataguiri.
Nos discursos o governo Bolsonaro foi tratado como "golpista" e "autoritário". O movimento fez também um mea-culpa pelo fenômeno de espetacularização da política.
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"O MBL 3.0 o que é? Nós fizemos um mea-culpa. Nós incentivamos a criar esse espetáculo como o do deputado Daniel Silveira a quebrar a placa da Mariele e ser eleito baseado nisso. Nós temos culpa no cartório porque na nossa luta que era simétrica contra a esquerda nós transformamos política em espetáculo e um monte de vagabundo veio a reboque para se eleger sem responsabilidade alguma com o processo. A gente tem que expor que há algo muito doente na política", afirmou Renan Santos, coordenador do MBL.
A nova roupagem do movimento prega diálogo do campo político de direita com representantes da esquerda. Apesar da saída de Lula da prisão, o ex-presidente foi praticamente ignorado nos discursos de abertura do congresso.