O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou a Superintendência da Polícia Federal (PF) nesta sexta-feira (8) após o juiz Danilo Pereira Júnior, da 12ª Vara Federal de Curitiba, determinar a soltura do petista. "Vocês não tem dimensão do significado de eu estar aqui com vocês", disse Lula em discurso a apoiadores na porta do prédio da PF.
"A vida inteira eu estive conversando com o povo brasileiro e eu não pensei que no dia hoje eu poderia estar aqui conversando com homens e mulheres. Vocês eram o alimento da democracia que eu precisava para resistir", afirmou o ex-presidente.
Falando ao microfone, o petista fez duras críticas ao Ministério Público, à Receita Federal e à Justiça e disse que esse "lado podre" do Estado brasileiro o colocou na prisão. "Eu quero dizer que o lado mentiroso da Polícia Federal fez um inquérito contra mim. O Moro e o TRF-4 têm que saber. Eles não prenderam um homem, eles tentaram matar uma ideia. E eu quero lutar para provar que, se existe um criminoso neste país, é essa maracutaia", disse.
Leia também: O que pode acontecer com Lula após fim de prisão em segunda instância
Ovacionado por seus apoiadores, Lula disse que "a dignidade não é coisa que se compra em shopping". "Eu adquiri tudo que eu tive na vida de uma mulher que morreu analfabeta, que é a dona Lindu, que me faz dizer para essa gente que tentou me condenar, aos 74 anos, que o meu coração só tem espaço para amor. E o amor vai vencer."
"Eu tenho vontade de provar que esse País pode ser melhor do que ele é, que o governo não tem que ficar mentindo no Twitter", afirmou o ex-presidente, fazendo referência a Jair Bolsonaro.
Leia também: Além de Lula, Dirceu também pede para deixar a prisão
A decisão de soltura de hoje foi possível após a mudança de entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a execução antecipada de pena antes de esgotadas todas as possibilidades de recursos em instâncias superiores. Agora, todos os réus condenados em segundo grau poderão continuar em liberdade.
Lula estava detido há 580 dias, desde abril do ano passado, no caso tríplex do Guarujá, no litoral Sul de São Paulo, pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Inicialmente a pena era de 12 anos e um mês, mas passou para dez meses e vinte dias de prisão.