Declaração aconteceu durante audiência na Câmara dos Deputados.
Marcos Corrêa/PR - 1.8.19
Declaração aconteceu durante audiência na Câmara dos Deputados.

Convidado para uma audiência pública em comissão da Câmara dos Deputados para falar sobre monitoramento dos movimentos sociais, de povos indígenas e do Sínodo da Amazônia, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, se envolveu nesta quarta-feira em uma discussão com a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP). Eles tratavam das declarações do ministro sobre a fala do também deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), de que a resposta em caso de uma radicalização da esquerda poderia vir via um novo AI-5, ato institucional que marcou o período mais duro da ditadura no Brasil.

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Depois de Heleno ter dito que todos poderiam ficar tranquilos porque o governo Jair Bolsonaro e as Forças Armadas não tem "nenhuma vocação" para regime ditatorial ou autoritarismo, a deputada questionou por que ele não havia repudiado a fala de Eduardo na semana passada, e sim dito que "tem que estudar como vai fazer". O ministro acusou o repórter do jornal "O Estado de S.Paulo" de ter descontextualizado sua fala e tê-lo pego desprevinido. Com a insistência da parlamentar, ele lembrou que Eduardo, filho do presidente, já havia se desculpado pela fala e por isso não iria repudiar.

"Eu não vou repudiar, porque ele repudiou [...] A senhora vai me torturar pra eu falar?", declarou o ministro do GSI, durante a audiência na Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia.

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A declaração provocou reações exaltadas no colegiado, entre reclamações de parlamentares de esquerda e aplausos de apoiadores.

Na semana passada, o ministro respondeu ao "Estadão" que teria que estudar como implementaria medida que enrijeceu o regime ditatorial no Brasil. "Se falou, tem de estudar como vai fazer, como vai conduzir. Acho que, se houver uma coisa no padrão do Chile, é lógico que tem de fazer alguma coisa para conter. Mas até chegar a esse ponto tem um caminho longo", disse o ministro na entrevista.

Em sua exposição inicial na comissão, afirmou que pode garantir a todos os presentes que sua geração e as seguintes nas Forças Armadas "estão completamente vacinadas contra qualquer sintoma de ditadura". "Dessas coisas que ficam assustando aí as pessoas, e que muitas vezes é bandeira para quem não tem muita coisa para inventar e inventa isso aí", completou.

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O ministro negou ainda que o GSI faça monitoramento ou promova alguma interferência em movimentos sociais, mas sim um acompanhamento. Ele lembrou que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) é subordinada à pasta e "a cabeça do sistema de inteligência do país".

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