Líderes da oposição no Congresso , o deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) e o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) pediram ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) uma nova perícia do sistema de gravação da portaria do condomínio Vivendas da Barra , no Rio. Em um ofício encaminhado ao procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, José Eduardo Gussen, os dois parlamentares cobram "medidas urgentes" para "resguardar" os computadores que armazenaram os áudios.
Molon e Randolfe afirmam que a cautela é importante para que uma "futura perícia possa ser feita pelo órgão técnico oficial". O condomínio é o mesmo em que moravam o presidente Jair Bolsonaro
(PSL) e o suspeito de matar a vereadora Marielle Franco
(PSOL-RJ), Ronnie Lessa
, na época do assassinato.
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O documento cita ainda as lacunas da perícia e o fato de que o vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente e que também mora no condomínio, teve acesso ao sistema para contradizer a fala do porteiro. Por fim, o ofício fala sobre a declaração de Bolsonaro, feito dadas no último sábado, de que teria pego os áudios do sistema antes que "fossem adulterados".
"Diante de extrema gravidade do exposto, medidas urgentes devem ser tomadas, dentro das atribuições do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, para resguardar o sistema de gravação e computadores utilizados, com a finalidade de garantir que futura perícia possa ser feita pelo órgão técnico oficial", afirma o documento.
Porteiro do depoimento não é o que aparece em áudio
O porteiro que disse à Polícia Civil do Rio ter liberado a entrada do ex-policial militar Élcio de Queiroz no condomínio Vivendas da Barra após ter sido supostamente autorizado pela voz do presidente Jair Bolsonaro não é o mesmo profissional que aparece na gravação que foi analisada por peritos do Ministério Público (MP) estadual, responsável pela investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco . A informação foi antecipada pela coluna de Lauro Jardim.
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Esse áudio, que foi cedido pelo síndico do condomínio ao MP e é o mesmo que foi divulgado pelo vereador Carlos Bolsonaro na última quarta-feira, mostra um porteiro anunciando a Ronnie Lessa a chegada de Élcio ao condomínio — Lessa e Queiroz estão presos desde março sob acusação de terem executado Marielle.
O GLOBO apurou que a Polícia Civil já ouviu todos os porteiros que trabalharam na guarita do condomínio no dia do crime. Enquanto isso, o Ministério Público do Rio (MP-RJ) aguarda os resultados de mais perícias feitas no material apreendido pela Delegacia de Homicídios (DH) da Capital.