![Após análise de celulares, polícia suspeita que Flordelis esteja envolvida em esquema de falsificação de provas Após análise de celulares, polícia suspeita que Flordelis esteja envolvida em esquema de falsificação de provas](https://i0.statig.com.br/bancodeimagens/3i/b1/3s/3ib13s1ly52axuhlw4ftjjo4v.jpg)
O advogado da deputada federal Flordelis dos Santos (PSD) alertou a cliente sobre uma operação para cumprir mandados de busca e apreensão em endereços da parlamentar que seria realizada pela Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG) no dia seguinte.
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A mensagem enviada por Fabiano Migueis foi encontrada no celular de Flordelis , apreendido pela DH na ação policial da qual ela foi alertada. A deputada é investigada por suspeita de participação na morte do marido, o pastor Anderson do Carmo, assassinado a tiros em junho deste ano.
De acordo com informações do inquérito da DH e obtidas pelo Extra, Migueis enviou o texto para Flordelis às 23h18 do dia 16 de setembro. Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos pela polícia na manhã seguinte. “ Deputada , tive a informação de que haverá busca e apreensão no seu apartamento funcional, gabinete do Rio e em Brasília. Não sei a data”, informou o advogado.
Na manhã do dia 17 de setembro, policiais da DH estiveram na casa de Flordelis em Pendotiba , Niterói, no apartamento funcional da deputada em Brasília, e no gabinete da parlamentar no Rio . No primeiro endereço, foram apreendidos os celulares de Flordelis e de uma de suas netas, Lorrane . Já no segundo, a polícia apreendeu o celular de Rayane , também neta da deputada, que mora com o marido no apartamento funcional. No terceiro, um computador que era do pastor Anderson foi apreendido.
Os dados extraídos pela DH dos celulares de Flordelis, Lorrane e Rayane foram encaminhados pelo Ministério Público estadual à Justiça para que sejam incluídos no processo respondido por dois filhos da deputada, Flávio e Lucas , que já são réus pela morte do pastor. A primeira audiência do caso aconteceu nessa quinta-feira, no Fórum de Niterói. Os dados foram obtidos numa análise preliminar feita nos aparelhos. Novas informações ainda são investigadas no segundo inquérito sobre o caso, que está em andamento na DH. Flordelis é investigada pela delegacia por suspeita de participação na morte do marido.
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Procurado, Fabiano Migueis afirmou que não poderia comentar sobre as mensagens, uma vez que o processo está em segredo de Justiça. Ele ressaltou, no entanto, que não houve prejuízo à busca e apreensão da qual a deputada foi alertada, uma vez que seu celular foi apreendido.
‘Esquema de fraude de provas’
Como revelado nessa quinta-feira (31), outras conversas retiradas do celular de Flordelis estão sob suspeita. A DH e o Ministério Público encontraram indícios de que a deputada fez parte de um "esquema de fraude de provas" relativas à morte de seu marido, o pastor Anderson do Carmo.
Segundo documentos obtidos pelo Extra, dados extraídos dos celulares da parlamentar e de duas netas colocam sob suspeita uma carta escrita por um dos filhos de Flordelis, Lucas Cezar dos Santos, na qual admitiu participação no assassinato, o que sempre havia negado. Ele ainda acusou outro irmão, o vereador Wagner Andrade Pimenta, conhecido como Misael , de envolvimento no crime. Misael, filho afetivo de Flordelis, acusa a mãe de ser mentora intelectual da morte de Anderson.
Em documento enviado à 3ª Vara Criminal de Niterói no dia 9 do mês passado, o promotor Sérgio Luís Lopes Pereira afirma, referindo-se à correspondência, que as apreensões dos telefones celulares evidenciaram uma farsa envolvendo a deputada. No dia 22 de setembro, em entrevista ao "Fantástico", da TV Globo, Flordelis afirmou ter recebido da mulher de um preso a carta escrita por Lucas. Segundo ela, um de seus filhos foi quem recebeu a correspondência na porta de um presídio.
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Pelos dados obtidos no celular de Flordelis, a polícia descobriu que a parlamentar se comunicava no Whatsapp com Andreia Santos Maia, mulher do preso Marcos Siqueira Costa, que estava no mesmo presídio dos filhos de Flordelis. Em uma das conversas, a deputada envia para a interlocutora um comprovante de transferência bancária de R$ 2 mil feito no dia 16 de setembro em nome de Flordelis para Jailton Reis Dantas. A polícia identificou que ele é cadastrado como visitante de Marcos. Em um trecho da conversa, a mulher diz a Flordelis que "pagaram o Lucas".
Preso há 14 anos, Marcos Siqueira Costa é ex-policial militar e foi condenado a 480 anos e seis meses de prisão por participação na maior chacina do estado do Rio, a da Baixada Fluminense, em março de 2005. Na chacina, 29 pessoas foram mortas em Nova Iguaçu e Queimados. Em outro trecho da conversa entre Andreia e Flordelis, a mulher do ex-PM diz que o marido é muito respeitado na área da segurança. "Se você se sentir insegura, ele coloca alguém pra você, tá? O Flávio pediu, caso necessário", escreveu Andreia
Na época em que escreveu a carta, Lucas estava preso com o irmão, Flávio dos Santos Rodrigues, mesma cela, no presídio Bandeira Stampa, conhecido como Bangu 9, na Zona Oeste do Rio. Antes de serem transferidos para o presídio, eles ficaram presos durante dois meses em carceragem distintas, na Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo. Em seu último depoimento à polícia, antes de ser transferido, Lucas afirmou que estava sendo coagido por Flávio a mudar seu depoimento.
No documento enviado à Justiça, o promotor Sérgio Luís Lopes Pereira afirma que o esquema de fraude de provas "passou pela inusitada colocação dos réus Flávio e Lucas na mesma cela em um presídio destinado a milicianos e policiais, o que nenhum dos dois é". Lucas e Flávio acabaram separados por ordem judicial depois da divulgação da carta. Uma perícia será feita para confirmar se Lucas de fato escreveu a carta.
Advogados de Flávio visitaram Lucas
Um ofício da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) do Rio, enviada para a 3ª Vara Criminal de Niterói, também revela que dois advogados de Flávio visitaram Lucas na semana que antecedeu a divulgação da carta. Consta nos registros da Seap que Maurício Mayr e Flávio Crelier estiveram em Bangu 9 nos dias 17 e 18 de setembro para visitar Lucas. Na época, o rapaz era defendido pelo advogado Valter dos Santos, que deixou o caso após a divulgação da carta.
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Um dos diálogos encontrados no celular de Flordelis ocorreu entre ela e seu advogado, Fabiano Migueis, no dia 10 de setembro. Eles convesam sobre a reconstituição e a deputada pergunta ao advogado se a reprodução dos fatos realmente ocorrerá "se conseguirmos a confissão do Lucas". Em outra mensagem, a parlamentar afirma que o "marido da moça vai falar pra ele confessar. Ele só quer ter certeza que Vou perdoá-lo".
Em outra conversa, no dia 11 de setembro, Fabiano Migueis pergunta a Flordelis se Lucas já escreveu a "outra carta". Logo em seguida, a deputada afirma que "ela vai fazer o marido conversar com ele até ele confessar". Fabiano afirma, então, que "é importante Lucas ficar em Bangu 9".
Os documentos encontrados nos celulares de Flordelis e das netas foram encaminhados pela DH e pelo MP à Justiça para que sejam incluídos no processo respondido por Flávio e Lucas. A primeira audiência do caso acontece nesta quinta-feira, no Fórum de Niterói. Os dados foram obtidos numa análise preliminar feita nos aparelhos. Novas informações ainda são investigadas no segundo inquérito sobre o caso, que está em andamento na DH. Flordelis é investigada pela delegacia por suspeita de participação na morte do marido.
Procurada, a assessoria de Flordelis confirmou o depósito feito e afirmou que o dinheiro se destinava à compra de "kits de roupas e outros utensílios, para seus filhos e outros presidiários. A intenção é dar condições a eles de uma vida com mais dignidade". O comunicado diz ainda que esse trabalho da parlamentar junto ao presídio já acontece há muitos anos em seu trabalho como pastora.
Na carta entregue à Flordelis, Lucas muda sua versão e aponta o envolvimento de outro irmão, o vereador de São Gonçalo Wagner Andrade Pimenta, conhecido como Misael, no crime. O rapaz diz que Misael lhe ofereceu vantagens para “dar um susto” em Anderson. Lucas afirma que pediu a um amigo para fazer o serviço. “O moleque já sabia o que ia fazer, mas deu ruim”, escreveu o rapaz na carta, justificando o fato do pastor ter sido morto.
Em seu novo relato, Lucas, que em outros depoimentos havia apontado o envolvimento de Flávio na morte de Anderson, escreveu que o irmão não tem participação no crime. A carta foi anexada ao processo nessa terça-feira e será encaminhada à DH pelo advogado de Flordelis , Fabiano Migueis, nessa quarta.
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Nos cinco depoimentos que prestou à DH na primeira fase das investigações, Lucas não confessou, em nenhum deles, participação na morte do pastor e nem citou Misael nos relatos. Ele assumiu à polícia ter ajudado Flávio apenas na compra da arma, mas alegou não saber que o irmão planejava assassinar Anderson.