Uma análise de documentos do Tribunal Superior Eleitoral realizada pelo site Vortex sugere que o Partido Social Liberal (PSL) omitiu despesas com campanha do presidente Jair Bolsonaro da justiça e as classificou como gastos ordinários de partido, e não como “despesas eleitorais”, como exigido pela justiça.
Segundo documentos divulgados pelo portal, as descrições dos valores foram apontadas pelo PSL como gastos ordinários, mas o registro de notas fiscais e contratos que foram anexados durante prestação de contas mostram o contrário. No levantamento, pelo menos R$ 915,4 mil do dinheiro do partido foram repassados para empresas que trabalharam na campanha de Jair Bolsonaro.
Ao todo, o levantamento mostra cinco empresas diferentes que, segundo contratos, tiveram ligação direta com atividades da campanha eleitoral de 2018, mas não foram registradas na prestação de contas ou tiveram registro com valor diferente do presente nas notas fiscais. Nenhuma delas consta como "doações de recursos estimáveis" feitas pelo PSL à campanha.
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Uma das empresas, a Ideia Marketing Digital, que tem como sócio Érico Filipe de Mello, um ex-assessor da família Bolsonaro , recebeu R$ 65,4 mil do PSL para criação de registro do site da campanha presidencial, criação de bancos de dados com ajuda das redes e disparo de mensagens pelo WhatsApp para apoiadores.
Outras empresas, como o caso da Mosqueteiros Filmes (responsável pela produção do single "Muda Brasil"), recebeu R$ 70 mil e teve R$ 135 mil declarados na prestação de contas eleitorais. Já a LCL Salles, recebeu R$ 50 mil e teve como declarado na prestação de contas R$ 15 mil. As duas empresas apresentaram documentos de esclarecimento à reportagem da Vortex .
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Outro repasse detectado pela análise foi à empresa AM4, que sedia em loja da Google play o desenvolvimento do "aplicativo oficial da campanha de Jair Bolsonaro". Nas notas, o valor pago pelo PSL foi de R$ 480 mil. Na prestação de contas eleitorais, o valor é de R$ 650 mil e nas doações de recursos feitas pelo partido à campanha não há valor afirmado. Em posicionamento, a empresa afirmou que prestou serviços ao partido e não a políticos específicos.
A quinta e última empresa apontada, J E J Marketing, teve contrato firmado até o dia 19 de agosto, três dias após a campanha de Jair Bolsonaro começar. A produção de 20 vídeos para o então classificado como "candidato" e "pré-candidato" e confecção de música tema para a campanha estão detalhados no contrato. R$ 250 mil foram repassados à empresa, segundo notas, e nenhuma parte do valor consta na prestação de contas eleitorais.
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Em resposta, a J E J afirmou que “Todo o material produzido pela JJ Marketing foi entregue ao PSL aos cuidados do Sr. Gustavo Bebianno, assim como toda a documentação necessária”. O PSL
ainda não se posicionou sobre o assunto.