Críticas do presidente não foram bem recebidas por integrantes do partido
Isac Nóbrega/PR - 3.10.19
Críticas do presidente não foram bem recebidas por integrantes do partido

A declaração do presidente Jair Bolsonaro a um apoiador sobre "esquecer o PSL" nesta terça-feira incendiou o partido no Congresso. As bancadas da Câmara e do Senado convocaram uma reunião às pressas e, sem a presença do presidente nacional da sigla, Luciano Bivar, decidiram tentar um encontro com Bolsonaro para aparar as arestas. A reunião acabou sem consenso. Deputados da ala bolsonarista pediram que Bivar deixe o comando da legenda, enquanto parlamentares aliados de Bivar defenderam a permanência dele à frente da sigla.

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No último fim de semana, em conversa com aliados, Bolsonaro externou insatisfação com a falta de gestão, organização e transparência do partido. A aliados, o presidente afirmou aguardar uma resposta sobre uma consulta que teria sido feita ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para saber se poderá levar os recursos do fundo partidário do PSL caso migre para outro partido. Pela legislação eleitoral, deputados não podem deixar a legenda fora da janela eleitoral. Se deixarem, perdem o mandato e o presidente também não poderia levar os recursos.

Na esteira de Bolsonaro, o partido conquistou 11,6 milhões de votos em 2018, o que elevou o fundo partidário de R$ 6,2 milhões em 2018 para R$ 103 milhões em 2019, um crescimento de 1.341%. Deputados aliados de Bolsonaro acreditam que parte desses recursos possa ser levada para a legenda, já que o presidente tem o apoio de pelo menos 30 deputados.

O deputado Hélio Lopes ( PSL -RJ), também conhecido como Hélio Negão , disse em uma publicação no Twitter que não há surpresa na frase de Bolsonaro. Segundo ele, é "Brasil acima de tudo, inclusive de partido". De acordo com um parlamentar do partido, a bancada do PSL na Câmara se apresenta, em maioria, a favor do presidente.

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O deputado federal Marcelo Freitas (PSL-MG), um dos que apoiam Luciano Bivar, disse que Bolsonaro errou e foi infeliz: "Deve desculpas ao Bivar".

Para o deputado Carlos Jordy (PSL-RJ), Luciano Bivar tenta impedir a renovação da executiva do PSL. Ele faz coro com o presidente da República e considera o deputado da ala "fisiológica" da legenda.

"Há uma parte fisiológica do partido que está forçando a barra. E aí o partido está dividido. Mas eu sou leal ao presidente. Se ele sair, eu vou junto. É uma solução complicada entrar em outro partido, então não sei se isso vai acontecer", disse Jordy.

Manifesto

No último mês, o deputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL-SP) recolheu 34 assinaturas em um manifesto pela reformulação da cúpula do partido. A ideia era diluir o poder de Bivar e de seu vice, Antonio Rueda, com os membros da Executiva. Atualmente, só os dois têm a chave do cofre do PSL. O manifesto gerou uma nova crise e o Luiz Philippe deixou de integrar o diretório estadual de São Paulo, que é presidido pelo deputado Eduardo Bolsonaro.

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Amanhã, o Patriota — partido que já sinalizou receber o presidente Jair Bolsonaro — terá uma reunião para fechar um posicionamento público em relação ao assunto. A Executiva do partido se reúne com os cinco deputados para decidir aceitam ou não Bolsonaro. Segundo uma fonte do partido, caso o presidente mude de fato, 30 deputados iriam juntos. Na semana passada, Bolsonaro conversou com o presidente nacional da legenda sobre a possível filiação.

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