Com lançamento oficial marcado para a próxima quinta-feira (3), a campanha publicitária do governo Jair Bolsonaro em defesa do pacote anticrime proposto pelo ministro da Justiça, Sergio Moro, custou R$ 10 milhões, segundo apurou a reportagem do GLOBO.
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Sob o lema de que "a lei tem que estar acima da impunidade", paineis de grande dimensão que integram a campanha do pacote anticrime começaram a ser colocados na quarta-feira nas fachadas de prédios da Esplanada dos Ministérios, em Brasília. O presidente vai participar do evento para lançar as peças, no Palácio do Planalto.
O projeto de Moro foi enviado ao Congresso no início de fevereiro. Inicialmente, a campanha, direcionada para televisão, rádio, cinema, internet e mobiliário urbano, estava prevista para estrear em junho, mas foi adiada por mais de três meses.
As peças publicitárias em vídeo usarão depoimentos e casos reais de vítimas de violência para demonstrar o efeito da impunidade de três pontos abordados no projeto: prisão a partir de condenação em segunda instância, tribunal do júri e "saidão" de presos.
O momento da estreia tem como objetivo confluir com a análise das medidas no plenário da Câmara em busca de apoio da população ao pacote anticrime. A campanha é assinada pela agência Artplan, a mesma responsável pela publicidade da reforma da Previdência, que também tomou os prédios dos ministérios.
Questionada desde segunda-feira sobre o investimento, a Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência, que é responsável pela estratégia de divulgação, não informou o valor empregado nas peças.
Adiamentos
No começo de junho, o Planalto havia agendado o lançamento da campanha para o dia 12 daquele mês. Dias antes, porém, o site The Intercept Brasil revelou mensagens que indicam que Moro combinava com o Ministério Público Federal (MPF) atuações na Operação Lava Jato. A assessoria do Ministério da Justiça informou que "o material produzido pela agência não estava satisfatório" e que "não há relação alguma com as notícias do The Intercept" no fato de a campanha ter sido adiada.
Em nota oficial na época, a Secom informou que a campanha publicitária estava em fase de produção e que não havia previsão de data para o lançamento. Integrantes do governo alegaram que houve atraso nos vídeos por conta dos casos, considerados complexos. A agência de publicidade teria encontrado dificuldades para conseguir depoimentos reais. As peças ainda teriam passado por uma revisão jurídica rigorosa, para evitar questionamentos legais.
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Mais recentemente, uma nova data chegou a ser marcada, para o dia 17 deste mês, mas o presidente recebeu alta hospitalar um dia antes, após realizar cirurgia em decorrência da facada que recebeu no ano passado, durante ato de campanha.