Atacado pelo presidente Jair Bolsonaro pela compra de um jato com empréstimo do BNDES durante o governo do PT, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), negou que tenha "mamado nas tetas do BNDES" como afirmou Bolsonaro. Os dois vêm se distanciando nas últimas semanas após uma aliança no segundo turno das eleições.
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"Nunca precisei mamar em teta nenhuma", afirmou Doria em entrevista ao jornal Folha de São Paulo . Em viagem à Alemanha, onde irá se encontrar com representantes de montadoras sobre possíveis investimentos na região do ABC, o tucano colocou panos quentes na declaração do presidente.
"Não vou entrar nessa polêmica", disse Doria. "Essa informação já era pública. Já tinhamos comprado, assim como o Luciano Huck, e não tinha nenhuma caixa preta".
O presidente criticou o tucano durante uma transmissão ao vivo nas redes sociais nesta quinta-feira (29). "João Doria comprou também [jatinho]. Explica isso aí. Só peixe. Amigão da Dilma e do Lula. Eu vejo o Doria falando de vez em quando: 'minha bandeira jamais será vermelha'. É brincadeira. Quando ele tava mamando lá, a bandeira era vermelha com foiçasso e martelo sem problema nenhum", disse Bolsonaro .
Em 2018, no dia do segundo turno, Doria foi ao seu local de votação acompanhado da hoje deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) e vestindo uma camiseta com a inscrição "BolsoDoria", referência aos voto casado com o candidato do PSL.
O governador estava em uma disputa acirrada com o então governador Márcio França (PSB) e a pesquisas apontavam um empate técnico entre os dois, com leve vantagem para o socialista.
Doria, agora, é considerado um potencial adversário de Bolsonaro nas eleições de 2022. Recentemente, o governador chegou a afirmar que não nomearia um filho para uma embaixada quando questionado sobre a nomeação de Eduardo Bolsonaro para representar o Brasil nos Estados Unidos.
Nesta sexta-feira, Doria afirmou que o momento não é de antecipar a campanha e preferiu não continuar os ataques ao presidente. O tucano negou qualquer associação com o PT e voltou a atacar os ex-presidentes petistas. Durante a transmissão ao vivo que fez nas redes sociais, Bolsonaro disse que o tucano era amigo de Lula e de Dilma.
"Quero Lula e Dilma distantes, se possível do Brasil, até. Que fiquem onde estão, Lula na prisão e Dilma no ostracismo", disse.
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O governador de São Paulo financiou, por meio da Doria Administração de Bens, uma aeronave de R$ 44 milhões em 2010. Em nota, o governo de São Paulo informou que o BNDES financiou a compra de 135 jatos executivos para empresas, sem irregularidades.
"A Embraer vendeu mais de 135 jatos executivos e comerciais para empresas brasileiras e estrangeiras com financiamento do BNDES, gerando empregos e impostos para o Brasil. Nada de errado nisto", diz a nota.