O senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) disse, em entrevista à "GloboNews" nesta quarta-feira (14), que vai trabalhar muito para a reeleição do pai em 2022. Segundo ele, o presidente Jair Bolsonaro tem tudo para ser um fortíssimo candidato e só desistirá da disputa caso seja feita uma reforma política ampla com redução do número de parlamentares. Mas Flávio disse não ver um movimento nesse sentido:
“Está se discutindo, por exemplo, dobrar o valor do fundo eleitoral (verba pública destinada ao financiamento de campanha). Essa não é a reforma que a população espera com toda certeza. Então eu sou um defensor ferrenho de que o presidente Bolsonaro tem tudo para ser um fortíssimo candidato em 2022, vou trabalhar muito pra isso.”
O senador tomou posse em fevereiro envolto no escândalo da movimentação financeira de seu assessor Fabrício Queiroz , que trabalhou com ele na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) na época em que era deputado estadual.
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Na entrevista, Flávio disse não se opor a prestar esclarecimentos, mas reclamou que teve o sigilo bancário quebrado ilegalmente. Segundo o senador, o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que embasou a investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), depois suspensa por decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, "não é mentiroso, mas é ilegal".
“O que alguns poucos promotores estão fazendo é uma atrocidade. Não tem que fazer nem comigo, nem com ninguém”, disse Flávio , afirmando ainda: “Eles estão procurando pelo em ovo para falar alguma coisa contra mim, buscar uma denúncia contra mim”.
Ele defendeu a decisão de Toffoli, que suspendeu parte das investigações baseadas em dados compartilhados pelo Coaf , Receita Federal e Banco Central com o Ministério Público sem autorização judicial. Flávio negou que isso vá prejudicar o combate à corrupção.
“Não é porque eu sou filho do presidente que a lei não pode valer para mim. Eu não quero privilégio nenhum. Mas também não quero ser tratado como bandido. Quando alguém acha que o sigilo bancário tem que ser quebrado, tem que ir ao juiz”, disse o senador .
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Sobre o repasse de parte dos salários de assessores para Fabrício Queiroz, Flávio disse que, se soubesse, jamais teria permitido isso. Mas afirmou que Queiroz tinha autonomia para indicar as pessoas que ele chama de "equipe de rua", ou seja, que trabalhavam fora do gabinete da Alerj.
“Não tem como controlar o que os meus assessores fazem da porta do gabinete para fora, impossível, humanamente impossível”, disse Flávio .
Questionado se é verdade que não tem uma boa relação com o irmão Carlos Bolsonaro, ele negou. Disse que o "vínculo é sanguíneo" e que há "confiança total". Eles apenas têm perfis diferentes e podem discordar em alguns casos. Quando há divergências, afirmou que a decisão é do pai.
Sobre as homenagens feitas a acusados de integrarem milícias na época em que era deputado estadual, Flávio disse que fez isso porque eram policiais. Mas, questionado se arrependia de ter afirmado, em um discurso na Alerj, que "a milícia é uma coisa organizada para combater criminoso", ele disse que não. Quanto aos elogios a um policial preso após ser acusado de assassinato, o senador disse que, na época, não sabia que ele estava fazendo coisa errada. Se soubesse, jamais faria a homenagem.
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“Eu nunca defendi milícia . No início do debate, qualquer prédio que tinha três, quatro policiais morando virou milícia. E eu, como sempre tive uma atuação de defesa dos policiais, tinha uma restrição. ‘Ó, não é isso’. A gente não pode condenar um grupo de policiais que mora em algum local e impede que vendam maconha na porta do seu prédio, impede que tenha tráfico na porta do filho dele. Isso é o que eu sempre defendi. Agora, óbvio que eu sempre fui contra e serei contra alguns policiais, ou não, e eu vou chegar lá. Hoje milícia não é só policial, está tendo uma migração de traficantes para milícia. Então eu não posso ser a favor de qualquer pessoa que haja fora da lei, que explora um trabalhador, que exija que se pague, que obrigue comprar o gás na mão de alguém, que cobre pelo ponto de sinal de televisão clandestino. Isso é exploração do trabalhador. Não pode acontecer e o estado tem que combater isso e a legislação tem que ser aprimorada para evitar isso”, disse Flávio.