Subprocurador da República, Augusto Aras
Foto: Agência O Globo
Subprocurador da República, Augusto Aras

Um dos nomes cotados para o cargo de procurador-geral da República, o subprocurador-geral Augusto Aras afirmou que, se for escolhido, vai convidar para sua equipe o procurador Ailton Benedito, que teve a indicação para a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos barrada pelo Conselho Superior do Ministério Público na semana passada.

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Chefe da Procuradoria da República em Goiás, Benedito é alinhado a teses conservadoras e, nesta manhã, publicou no Twitter o link de uma reportagem em que Aras se defende de acusações de que seria simpatizante de causas da esquerda.

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo , Aras afirmou também que pretende chamar o subprocurador-geral Eitel Santiago de Brito Pereira para ser secretário-geral da Procuradoria-Geral da República ( PGR ). Ele foi candidato a deputado federal no ano passado, pelo PP, mas não se elegeu.

"Eu começaria no plano administrativo convidando (para ser secretário-geral) o colega Eitel Santiago de Brito Pereira, que, uma vez aposentado, se candidatou a deputado federal pela Paraíba e como tal apoiou o candidato Bolsonaro e fez um dos discursos mais inflamados contra o atentado que sofreu o presidente ", afirmou Aras ao jornal, em referência à facada que o presidente sofreu em Juiz de Fora, durante a campanha eleitoral.

Na semana passada, aliados de Bolsonaro, incluindo a deputada Carla Zambelli (PSL-SP), iniciaram uma campanha nas redes sociais contra a indicação de Aras. As mensagens reproduziam uma entrevista concedida pelo subprocurador à TV Câmara de Salvador, em 2016, em que ele afirmava que “essa política do medo tem consequências desastrosas, que é o crescimento de toda (…) uma doutrina de direita, uma direita radical”.

À Folha, Aras afirmou que as declarações não representam sua posição ideológica, mas uma explicação acadêmica sobre o fenômeno. Em aceno ao governo, ele afirmou que não enquadra o governo Bolsonaro dentro do espectro da direita radical.

"Não enquadro por uma razão simples: uma coisa é se fazer um trabalho ideológico de radicalização, outra coisa é se fazer um trabalho, ainda que seja partidário, de defesa da segurança pública e da segurança nacional. Entendo que o presidente Bolsonaro vem buscando a segurança pública e a segurança nacional como valor essencial".

Na mesma entrevista, Aras citou a frase “agora, mais do que nunca, a esperança precisa vencer o medo”, o que foi interpretado por bolsonaristas como uma referência ao slogan de campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002. O subprocurador disse que a referência era a uma frase do filósofo Luciano.

Aras já foi recebido quatro vezes por Bolsonaro, em encontros intermediados pelo ex-deputado Alberto Fraga, amigo do presidente. Bolsonaro também já se reuniu com o subprocurador-geral Paulo Gonet, levado pela deputada Bia Kicis (PSL-DF).

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Em outra frente, o presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Fábio George, tem se reunido com integrantes do primeiro escalão do governo e do Judiciário para defender que o escolhido para a PGR seja um dos integrantes da lista tríplice: os subprocuradores-gerais Mário Bonsaglia, Luiza Frischeisen e Blal Dalloul. Bolsonaro afirmou que pretende definir a indicação até sexta-feira. 

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