Mulheres do PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) acusam a Polícia Militar de São Paulo de intimidação durante um evento na região central da capital paulista, neste sábado (3). A PM nega e diz que a entrada de policiais no local se deu para verificar uma "concentração de pessoas que se iniciava".
Leia também: Presidente da OAB diz que País vive clima de ódio e repreende fala de Bolsonaro
Segundo o partido, a reunião se tratava do encontro estadual de mulheres do PSOL e a PM entrou no local "pedindo documentos" e dizendo estar "monitorando presentes". Mariana Riscali, tesoureira e membro da executiva nacional do partido, presenciou a cena e contou à reportagem do iG como foi a ação.
"Eu estava com outra companheira na hora que eles chegaram. Eles nos abordaram pedindo documentos e identificação dos reposnsáveis pela atividade. Como a gente sabe que a gente tem o nosso direito de livre organização e manifestação, a gente disse que não via a obrigação de entregar os documentos", afirmou.
Mariana conta que os policiais disseram que se tratava de uma operação rotineira e que quando ela foi tentar explicar o intuito do encontro, a policial a interrompeu e disse que já sabia do evento. "Eles disseram que já sabiam muito bem o que estava acontecendo, que sabiam os nossos horários, presenças confirmadas e qual ia ser nossa programação", relatou.
De acordo com Mariana, os agentes ficaram cerca de 30 minutos no local e permaneceram parados na porta com uma postura "intimidatória". Após a advogada do partido conversar com os policiais, conta, eles se retiraram, mas prometeram voltar com um comandante. O partido, então, acionou a Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), o secretário de Segurança Pública do estado, João Camilo Pires de Campos, e ele garantiu que os policiais não voltariam.
Você viu?
"A gente identifica isso como uma tentativa de intimidação. No momento que passamos por uma escalada autoritária e de tentativa de intimidação dos movimentos sociais. O governador Doria (PSDB) tem tentado impedir o direito de manifestação e o governo Bolsonaro alimenta esse tipo de postura antidemocrática. Veremos as medidades jurídicas cabíveis contra esse procedimento autoritário contra as mulheres do PSOL", finalizou Mariana.
Leia também: "Não acredito em aquecimento global. Estive em Roma e estava frio", diz ministro
A deputada federal Sâmia Bomfim
(PSOL-SP) também relatou a ação em suas redes sociais e confirmou o que foi relatado à reportagem. Ela classificou o ocorrido como "ato
completamente absurdo". "Duas vezes vieram viaturas da PM intimar as nossas militantes, questionaram do que se tratavam as nossas atividades, disseram que sabiam o que
a gente estava fazendo e que iriam permanecer no espaço enquanto nós realizamos nossas atividades", disse a deputada em vídeo.
"A nossa direção estadual se negou a dar os documentos e travou um debate necessário com esses policiais de que não é papel de nenhuma corporação da Segurança Pública
monitorar ou vigiar espaços de atividade política. Aqui dentro é um espaço privado, é uma atividade partidária e não cabe a nenhuma autoridade de nenhuma ordem, em
especial da Segurança Pública, fazer a vigilancia daquilo que a gente debate aqui dentro", acrescentou a parlamentar.
Em nota, a PM
afirmou que a abordagem dos policiais se deu para saber se, "após as discussões, iriam sair em ato democrático, que pudessem tomar vias públicas", e que
o intuito era garantir a "segurança do evento". Diz ainda que, após os presentes dizerem que o evento era uma reunião interna, "os patrulheiros deixaram o local".
Leia também: Vazamentos de conversas de Dallagnol tensionam relação entre STF e MP
Mesmo com o incidente, o PSOL
publicou em suas redes sociais foto do encontro. "Apesar da tentativa de intimidação da PM, nossa plenária de mulheres em São Paulo está gigante!", escreveu o partido. Além disso, uma nota de repúdio foi aprovada pelas mulheres presentes no encontro.