O presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar, nesta segunda-feira (29), o jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept . Em entrevista na porta do Palácio da Alvorada, ele disse que invasão de telefone é crime e a condição de jornalista, apesar da garantia constitucional do sigilo da fonte, não é desculpa para "preservar o crime".
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O site vem publicando desde o mês passado mensagens trocadas entre procuradores da República e o ex-juiz Sergio Moro, atual ministro da Justiça no governo Bolsonaro. Segundo as reportagens, Moro orientou os procuradores, deixando de atuar com imparcialidade nos processos da Operação Lava Jato. Na semana passada, a Polícia Federal prendeu quatro suspeitos de invadirem os telefones. Um deles admitiu ter repassado o teor das mensagens no aplicativo Telegram a Glenn .
"No meu entender, isso teve transações pecuniárias. A intenção é sempre atingir a Lava Jato, o Sergio Moro, a minha pessoa, tentar desqualificar, desgastar. Invasão de telefone é crime, ponto final. Não pode se escudar: 'sou jornalista'. Jornalista tem de fazer seu trabalho. Preservar sigilo da fonte, tudo bem. Agora, uma origem criminosa, o cara vai preservar o crime, invadindo a República, desgastando nome do Brasil, lá fora inclusive. Eu espero que a PF, não é fácil, mas chegue aos finalmentes desse crime praticado por essas pessoas", disse Bolsonaro.
No sábado, em outra entrevista à imprensa, o presidente foi questionado sobre a portaria que permite deportação sumária de estrangeiros. Ele disse que Glenn, que nasceu nos Estados Unidos, "pode pegar uma cana aqui no Brasil , não lá fora", mas destacou que o jornalista não se encaixa no perfil dos que podem ser deportados.
"Eu teria feito um decreto porque quem não presta tem que mandar embora. Tem nada a ver com esse Glenn. Nem se encaixa na portaria o crime que ele está cometendo. Até porque ele é casado com outro homem e tem meninos adotados no Brasil. Malandro para evitar um problema desse, casa com outro malandro ou adota criança no Brasil. O Glenn não vai embora, pode ficar tranquilo. Talvez pegue uma cana aqui no Brasil, não vai pegar lá fora não", disse Bolsonaro no sábado.