Bolsonaro dá entrevista para público
Carolina Antunes/PR
Presidente Bolsonaro já tinha criticado a falta de ministros evangélicos no STF

A presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Simone Tebet (MDB-MS), afirmou nesta segunda-feira (15) que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) cometeu um erro "de amador" ao  afirmar que irá indicar um ministro "terrivelmente evangélico" para o Supremo Tribunal Federal (STF).

Para Tebet, Bolsonaro pode indicar um ministro de qualquer religião, mas não deveria ter anunciado que esse seria seu critério. Os indicados para a Corte são sabatinados na CCJ e, depois, precisam ser aprovados pelo plenário do Senado.

“Ele pode escolher um evangélico. É um direito que ele tem, como ele pode escolher um católico ou um ateu. Mas, ao meu ver, foi no mínimo uma declaração equivocada para não dizer até, assim... O termo que eu posso utilizar para substituir, (é erro) de amador. O termo é até outro. Porque ele pode colocar alguém que ele acha entenda terrivelmente evangélico sem precisar dizer. A gente só ia dizer: ‘Ah, ele é evangélico. Qual é o problema?’. Não vamos avaliar porque ele é evangélico ou porque é ateu, vamos avaliar se ele tem competência ou não tem competência”, disse.

Simone Tebet afirmou que o maior erro de Bolsonaro são ataques às "instituições democráticas" e disse que o presidente erra mais em suas declarações do que em seus atos.

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“Acho que o presidente erra mais ao falar até do que ao agir. Se ele não tivesse falado e nomeasse alguém terrivelmente evangélico, seja lá o que isso signifique, nós não estaríamos falando nada disso, estaríamos falando: ‘É capaz? Não é capaz? Vai ser votado, não vai ser votado’. É um erro dele. Foi um erro dele, mais um. Acho que o maior erro dele é querer ir contras as instituições democráticas. Órgãos de controle, Poder Judiciário, a mídia e o Congresso Nacional.”

A presidente da CCJ ainda afirmou acreditar que, hoje, a possível indicação de Eduardo Bolsonaro à embaixada dos Estados Unidos não seria aprovada pelo Senado.

“Acho que, hoje, ele corre sérios riscos de mandar para o Senado e ser derrotado. A votação é secreta, não tem precedentes no mundo em países democráticos. Há discussões jurídicas e constitucionais a respeito, se entre no caso de nepotismo ou não, porque para ser nepotismo precisa saber se o embaixador é um agente público ou um agente político. Ou seja, ministro pode, embaixador será que poderia? E entra no mérito da questão, que é o notório saber e se ele está preparado”, afirmou.

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De acordo com Simone Tebet, até mesmo senadores que defendem o governo "com unhas e dentes" afirmam que a indicação seria um erro. “Acho que a sabatina expõe demais o governo e pode dar uma fragilidade que o governo ainda não tem na Casa. Minha posição pessoal. Tenho esse sentimento hoje, pelos colegas que eu conversei. Até mesmo algumas pessoas que defendem com unhas e dentes questionando que esse foi um erro. Mas o tempo dirá”.

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