Ao falar a deputados sobre as supostas mensagens trocadas com o procurador Deltan Dallagnol nesta terça-feira, o ministro da Justiça, Sergio Moro , recebeu questionamentos, críticas, manifestações de apoio e... um troféu. O deputado Boca Aberta(PROS-PR) entregou uma taça ao ex-juiz das ações da Lava-Jato em Curitiba para "premiá-lo" como "a maior estrela do combate à corrupção" no país.
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"Cobiçado por craques como Neymar e Messi, (o troféu) agora ficará com o craque Moro", disse Boca Aberta , que comparou o "prêmio" à taça da Liga dos Campeões, o principal campeonato europeu de futebol.
O operador de equipamento de rádio e televisão Emerson Miguel Petriv , conhecido como Boca Aberta, foi eleito para o primeiro mandato de deputado federal em 2018. Recebeu pouco mais de 90 mil votos e usou o capital político para alavancar a carreira política do filho, Matheus Viniccius Ribeiro Petriv, o Boca Aberta Júnior, que se elegeu deputado estadual no Paraná no mesmo ano.
Em março deste ano, Boca Aberta ganhou destaque na imprensa paranaense ao brigar com o vereador Amauri Cardoso (PSDB) em uma rua do Centro de Londrina, sua terra natal e seu berço político. Na confusão, registrada em vídeo por seus assessores, o deputado levou um soco do tucano no rosto.
Cardoso alegou que, durante um evento do dia, cobrou respeito a profissionais da saúde municipal e sugeriu a leitura de uma moção de repúdio da Associação Médica contra Boca Aberta. Na saída, teria sido "cercado" pelo deputado. Boca Aberta, que disse ter quebrado o nariz no episódio, foi levado ao hospital. Cardoso rebateu que também foi agredido.
Petriv passou a se apresentar publicamente como Boca Aberta a partir de 2009, quando começou o blog "amigo Boca Aberta". Na plataforma, denunciava abusos contra a população LGBT e defendia direitos do grupo. Segundo a "Gazeta do Povo", ele, que é heterossexual, tentou registrar em cartório a realização de uma parada gay em Londrina, mas o projeto não saiu do papel.
A ligação com a política se consolidou no papel de assessor do então deputado estadual Antonio Belinati , tio do atual prefeito de Londrina, Marcelo Belinati. O último post do blog de Boca Aberta, registrado em 2012, traz uma foto com Antonio Belitani em apoio a um projeto inusitado: quem andasse em pé no ônibus poderia pagar metade da passagem.
Antes de garantir a vaga em Brasília, Boca Aberta era conhecido por circular em Londrina em uma bicicleta elétrica, a qual apelidou de "Grace Kelly". Na caixa de som acoplada à magrela, colocava para tocar uma gravação em que discutia saúde, educação e cobrava outros políticos.
Vereador polêmico
Em 2012, candidatou-se pela primeira vez para um cargo eletivo. Foi quando assumiu postura mais polêmica e incisiva nas ruas de Londrina . Na época, não conseguiu vaga titular para a Câmara de Vereadores da cidade paranaense, mas ficou na quarta suplência. Quatro anos depois, porém, seria o vereador mais votado da História de Londrina, com 11.484 votos. Em novembro de 2016, foi alvo de buscas da Polícia Federal, que suspeitava ser ele o coordenador de uma invasão a um conjunto de residências.
Na ocasião, o delegado responsável afirmou que vídeos flagraram o apoio do vereador à permanência dos invasores no local. A Justiça negou pedido de prisão de Boca Aberta pelo caso. Ao G1, o acusado destacou que não incentivava "coisas erradas", mas sim, defendia a previsão constitucional de todos terem direito a moradia e segurança.
Já em 2017, o vereador chegou a ter o mandato cassado após realizar uma "vaquinha" virtual para pagar multa eleitoral. Seus colegas na Câmara avaliaram que ele quebrou o decoro parlamentar ao arrecadar o dinheiro para quitar a penalidade. O relatório final do caso apontou que Boca Aberta "usou inverdades" para pedir dinheiro e pagar a multa de R$ 8 mil. A Justiça Eleitoral o havia condenado por pedir votos em Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) no pleito do ano anterior. Em sua defesa, ele negou irregularidades e disse que doou o dinheiro.
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Em março de 2018, segundo o "Folha de Londrina", Boca Aberta foi condenado por perturbação de sossego, a 22 dias de prisão, no regime semiaberto, após protagonizar uma confusão em uma UPA da Zona Oeste de Londrina. Dois meses antes, ele havia ido à unidade reclamar de denúncias que teria recebido de usuários sobre demora no atendimento médico. Disse que havia decidido, como vereador, fiscalizar e ouvir relatos de pacientes pessoalmente. Segundo o processo, ele teria entrado na área destinada a médicos e constatado a falta de profissionais. A Justiça apontou que ele agiu com "gritaria e algazarra", mas o então vereador negou ter gritado ou atrapalhado o serviço.