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Filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro, senador Flávio Bolsonaro
Jefferson Rudy/Agência Senado - 14.3.19
Filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro, senador Flávio Bolsonaro

O diálogo é inerente ao exercício da política assim como a democracia é imprescindível para o desenvolvimento racional de uma nação. Esses dois fatores caminham juntos, um não ocorre sem o outro. O senador Flávio Bolsonaro, filho mais velho do presidente da República, vem demonstrando que segue tais princípios, essenciais em seu trabalho de legislatura – mandato que lhe foi legal e legitimamente outorgado pelos brasileiros.

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Flávio Bolsonaro tornou-se um dos principais articuladores das pautas, PECs e decretos do Poder Executivo junto aos parlamentares, colocando-se fora da chamada ala ideológica do governo e igualmente longe do mar de extremismos que está inundando e afundando o País nos últimos tempos. A “prática da política”, definida pela filósofa e pensadora Hannah Arendt como antídoto ao totalitarismo, é função precípua do Legislativo. “Não se pode ser contra a política em geral, ter o pressuposto de que tudo aquilo que venha de políticos é ruim”, diz Flávio. Sobre os rótulos de “velha” e “nova” política, agora muito em voga no Brasil, o senador afirma: “O que eu faço é a boa política”.

A mais direta tradução do que Flávio nomeia como “boa política” é cumprir a sua função de articulador por meio da interlocução, sem sectarismos, com todas as correntes ideológicas que compõem o Senado . “Falo com a situação e falo com a oposição, esse é o dever de um parlamentar”, diz ele.

E explicita.  Embora não seja da base do governo, o senador Otto Alencar (PSD-BA) é uma conversa muito importante. Outro exemplo é o senador Jacques Wagner, petista baiano e, digamos, uma das pontas mais diametralmente opostas às convicções políticas e até religiosas do cristão protestante que é Flávio. “O Jacques Wagner é um senador experiente e equilibrado. Surpreendeu-me muito apesar de ele ser do PT”. Por esse método democrático e valorizando o exercício da política, em quatro meses, a jornada de Flávio Bolsonaro no Senado mostra-se bastante rara de ser cumprida. A sua posse se deu em fevereiro, em meío às fortes acusações de supostas movimentações financeiras ilícitas de seu ex-assessor Fabrício Queiroz . Hoje ele segue apoiando o presidente da Casa, Davi Alcolumbre, a quem ajudou a eleger, e comanda cinco comissões.

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“O Flávio é indispensável na articulação política”, diz o líder do PSL no Senado, Major Olímpio. “Conversa com todas as bancadas, é moderado e tranquilo”.

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Bom dia, senador

Longe da algazarra e algaravia promovidas atualmente pelas redes sociais, das quais ele também se vale mas com extremo comedimento, a moderação de Flávio, à qual o correligionário Major Olímpio se refere, pode ser vista como uma dupla vocação — ele atua abertamente na linha de frente, mas, ao mesmo tempo, nutre o gosto de articular nos bastidores. Estratégia ou temperamento? Isso, a rigor, não importa. O que conta é o que Flávio faz, e não como faz, para dar prestígio ao Executivo e também a seus pares — em um Brasil onde conversar virou coisa de grupos nos quais seus membros a priori já concordam entre si, o senador vem conseguindo colocar frente a frente colegas que anteriormente não trocavam sequer um bom dia. Fora dos holofotes e sem alarido, ele participou na semana passada da indicação do novo presidente do BNDES, o engenheiro Gustavo Montezano .

Outras duas boas histórias de sua quietude envolvem o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas. Certa vez o senador Lucas Ribeiro (PSD-AP) o procurou, tristonho, porque a BR-156 não constava do decreto do ministro, que liberava R$ 20 milhões para pavimentação de estradas (a BR-156 está inacabada há 90 anos). Flávio conversou com Tarcísio, a 156 foi incluída no decreto. Maior discrição, ainda, ele manteve quando Tarcísio lhe contou sobre o pacote de concessões de rodovias federais no Rio de Janeiro. O ministrou o convidou para o anúncio público, já que tivera papel fundamental na articulação das medidas. O senador, influente mas espartano, declinou o convite.

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Longe da algaravia, Flávio Bolsonaro mostra duas vocações: age na linha de frente do Legislativo mas também nutre gosto pela atuação nos bastidores

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