Força-tarefa da Lava Jato repudiou últimos vazamentos de conversas entre Moro e Dallagnol
Pedro França/Agência Senado - 19.6.19
Força-tarefa da Lava Jato repudiou últimos vazamentos de conversas entre Moro e Dallagnol

A força-tarefa da Operação Lava Jato repudiou, através de uma nota oficial, os últimos vazamentos de mensagens privadas entre o ex-juiz Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol, divulgados pelo site The Intercept . A nota chamou a publicação, que também foi divulgada pelo jornalista Reinaldo Azevedo, de "desrespeitosa, mentirosa e sem contexto".

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De acordo com a Lava Jato , a notícia de que a procuradora Laura Tessler teria sido afastada das audiências após uma após uma suposta conversa entre o então juiz e o procurador. "Conforme é público, a procuradora da República Laura Tessler participou, na manhã de 13/03/2017, de audiência em ação penal em que acusado o ex-ministro Antônio Palocci", diz a nota, que ainda elogia a atuação da procuradora.

"Como sempre, sua atuação firme, técnica e dedicada contribuiu decisivamente para a condenação, somente nesse caso, de 13 réus acusados de corrupção e lavagem de dinheiro a mais de 90 anos de prisão, incluindo o ex-ministro Antônio Palocci. Integrante da Lava Jato no MPF desde 2015, a procuradora Laura Tessler seguiu e segue responsável por diversas investigações e ações criminais, realizando todos os atos processuais necessários, incluindo audiências, contando com toda a confiança da força-tarefa na sua condução altamente profissional, cuidadosa e obstinada no combate à corrupção", escreve a Lava Jato.

"Ou seja, não houve qualquer alteração na sistemática de acompanhamento de ações penais por parte de membros da força-tarefa. Assim, os procuradores e procuradoras responsáveis pelo desenvolvimento de cada caso acompanharam as principais audiências até o interrogatório, não se cogitando em nenhum momento de substituição de membros, até porque todos vêm desenvolvendo seus trabalhos com profissionalismo, competência e seriedade", conclui a força-tarefa.


Entenda as últimas mensagens vazadas

Segundo as mensagens divulgadas pelo The Intercept , Dallagnol procurou outro integrante da força-tarefa, Carlos Fernando, minutos após ter recebido a seguinte mensagem de Sergio Moro [cujo teor já havia sido divulgado no último dia 9]:

Moro: Prezado, a colega Laura Tessler de vcs é excelente profissional, mas para inquirição em audiência, ela não vai muito bem. Desculpe dizer isso, mas com discrição, tente dar uns conselhos a ela, para o próprio bem dela. Um treinamento faria bem. Favor manter reservada essa mensagem. 

O então juiz de Curitiba teria enviado a mensagem às 12h32 do dia 13 de março de 2017. Às 12h42, Dallagnol recorreu ao seu colega para reproduzir o recado de Moro. Antes, o coordenador da força-tarefa expressou preocupação com a segurança daquele diálogo.

Deltan Dallagnol: Recebeu a msg do moro sobre a audiência tb? 
Carlos Fernando: O que ele disse? 
Deltan Dallagnol: Não comenta com ninguém e me assegura que teu telegram não tá aberto aí no computador e que outras pessoas não estão vendo por aí, que falo 
Deltan Dallagnol: (Vc vai entender por que estou pedindo isso) 
Carlos Fernando: Ele está só para mim. 
Carlos Fernando: Depois, apagamos o conteúdo.... 
Deltan Dallagnol: Prezado, a colega Laura Tessler de vcs é excelente profissional, mas para inquirição em audiência, ela não vai muito bem. Desculpe dizer isso, mas com discrição, tente dar uns conselhos a ela, para o próprio bem dela. Um treinamento faria bem. Favor manter reservada essa mensagem. 

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Logo após a leitura de Carlos Fernando, Deltan demonstrou que pretendia agir para evitar novas reclamações semelhantes. "Vamos ver como está a escala e talvez sugerir que vão 2, e fazer uma reunião sobre estratégia de inquirição, sem mencionar ela", disse Dallagnol.

A resposta de Carlos Fernando: "Por isso tinha sugerido que Júlio ou Robinho fossem também. No do Lula não podemos deixar acontecer".

O depoimento de Lula – o primeiro deles diante de Moro – foi tomado dois meses depois do diálogo. A audiência não contou com a presença da procuradora Laura Tessler e teve como representantes do Ministério Público Federal os procuradores sugeridos por Carlos Fernando: Júlio Noronha (Júlio) e Roberson Pozzobon (Robinho).

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Moro esteve nessa quarta-feira (19) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado para explicar as mensagens reveladas nas últimas semanas. Ao ser questionado sobre a suposta mensagem criticando o desempenho da procuradora Laura Tessler, o hoje ministro da Justiça e Segurança Pública respondeu:

"Eu não me recordo especificamente dessa mensagem [na qual teria reclamado do desempenho da procuradora], mas o que consta no caso divulgado pelo site é uma referência que um determinado procurador da República não tinha o desempenho muito bom em audiência e para dar uns conselhos para melhorar. Em nenhum momento no texto há alguma solicitação de substituição daquela pessoa. Tanto que essa pessoa continua e continuou realizando audiências e atos processuais, até hoje, dentro da Operação Lava Jato ."

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