Após ameaças públicas de demissão do presidente Jair Bolsonaro, o presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Social (BNDES), Joaquim Levy, pediu dispensa do cargo na manhã deste domingo (16). O economista escreveu uma carta para formalizar o pedido para deixar o governo.
"Solicitei ao ministro da Economia Paulo Guedes meu desligamento do BNDES. Minha expectativa é que ele aceda", escreveu. "Agradeço ao ministro o convite para servir ao País e desejo sucesso nas reformas", continuou Joaquim Levy .
"Agradeço também, por oportuno, a lealdade, dedicação e determinação da minha diretoria. E, especialmente, agradeço aos inúmeros funcionários do BNDES, que têm colaborado com energia e seriedade para transformar o banco, possibilitando que ele responda plenamente aos novos desafios do financiamento do desenvolvimento, atendendo às muitas necessidades da nossa população e confirmando sua vocação e longa tradição de excelência e responsabilidade", diz a carta do agora ex-presidente do BNDES.
Ainda na noite deste sábado (15), Marcos Barbosa Pinto, diretor de Mercado de Capitais do BNDES havia pedido as contas. Pinto afirmou que decidiu deixar o cargo em virtude do "descontentamento manifestado" pelo presidente da República, Jair Bolsonaro.
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Mais cedo Bolsonaro chegou a ameaçar demitir Levy da presidência do BNDES se ele não dispensasse o diretor. "Eu já estou por aqui com o Levy. Falei para ele: demita esse cara na segunda-feira ou eu demito você sem passar pelo Paulo Guedes".
Na conversa com os jornalistas na tarde deste sábado, o presidente disse o que espera de membros de sua equipe. "Um governo tem de ser assim. Quando coloca gente suspeita em cargos importantes e essa pessoa, como o Levy, já vem há algum tempo não sendo leal àquilo que foi combinado e àquilo que ele conhece a meu respeito. Ele está com a cabeça a prêmio já tem algum tempo".
O ministro da Economia Paulo Guedes
tentou contemporizar antes da notícia do pedido de demissão de Pinto. "Eu entendo a angústia do presidente. É algo natural ele se sentir agredido quando o presidente do BNDES coloca na diretoria do banco nomes ligados ao PT".
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Agora, Guedes, que foi o responsável pela indicação de Levy
e da maior parte da equipe econômica, deve apontar os substitutos. Em uma semana agitada, marcada pelo desligamento do ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência, general Carlos Alberto dos Santos Cruz, terceiro ministro a deixar o governo, a onda de exonerações segue. Até a última sexta-feira, de acordo com um levantamento do jornal O Globo,
17 membros do segundo escalão de Bolsonaro já haviam deixado os cargos.