O porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros , afirmou nesta quarta-feira (12) que o presidente Jair Bolsonaro acompanha com "serenidade" as demandas que afetam o ministro da Justiça, Sergio Moro, pessoal e institucionalmente, ao ser questionado sobre a divulgação de mensagens trocadas pelo ex-juiz federal com o procurador Deltan Dallagnol . E acrescentou que Bolsonaro tem se relacionado com Moro "num ambiente de sã camaradagem e de confiança", assim como com os outros ministros.
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" Bolsonaro acompanha com a serenidade que deve ser natural num chefe de Poder, em especial do chefe do Poder Executivo, a quem o ministro é subordinado e a quem o ministro tem o dever de apresentar ao senhor presidente as demandas do seu ministério e, especialmente neste caso, as demandas que estão a afetá-lo pessoalmente ou institucionalmente', disse Rêgo Barros, sem mencionar os diálogos revelados no domingo pelo site "The Intercept".
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Segundo o site, as mensagens vazadas sugerem que o então juiz federal e o procurador teriam combinando como atuariam em algumas situações na operação Lava Jato
, inclusive em pontos do processo do tríplex do Guarujá, que levou à condenação e prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
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Em nota, o ministro da Justiça lamentou "a falta de indicação de fonte de pessoa responsável pela invasão criminosa de celulares de procuradores. Assim como a postura do site que não entrou em contato antes da publicação, contrariando regra básica do jornalismo".
A força-tarefa de Curitiba divulgou um texto para rebater a reportagem, dizendo que "seus membros foram vítimas de ação criminosa de um hacker que praticou os mais graves ataques à atividade do Ministério Público, à vida privada e à segurança de seus integrantes". Os dois negam irregularidades e denunciam a invasão ilegal de suas comunicações.
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O primeiro encontro entre Bolsonaro e Moro após a revelação das mensagens ocorreu pouco antes, no Palácio da Alvorada. Os dois então embarcaram juntos em uma lancha no Lago Paranoá, nos fundos da residência oficial do presidente, rumo ao Grupamento de Fuzileiros Navais de Brasília. Na ocasião, Moro foi um dos agraciados com a Ordem do Mérito Naval.
Ao meio-dia desta quarta, o ministro da Justiça foi ao Palácio do Planalto para um novo encontro com o presidente, desta vez acompanhado do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo. De acordo com o porta-voz, uma das pautas da reunião foi o vazamento e a outra foi a investigação do atentado a faca contra Bolsonaro, em setembro do ano passado. Rêgo Barros disse ainda que "tratou-se de um encontro, como sempre, cordial", que durou o tempo de um almoço.
Ainda segundo o porta-voz, Bolsonaro "não deliberará, tampouco indicará qualquer estratégia" para a ida de Moro ao Congresso na semana que vem.