O presidente Jair Bolsonaro voltou a expor as dificuldades da responsabilidade de comandar o país e disse se sentir em casa como um "presidiário em regime fechado", mas sem tornozeleira eletrônica. Em entrevista ao Programa do Ratinho, no canal SBT, o chefe do Palácio do Planalto lamentou não poder fazer programas como ir ao shopping e brincou que "se deu mal" ao assumir a Presidência em vez de estar na praia.
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"Deixa eu falar uma coisa. Eu estava no meu gabinete há poucas semanas e chegou um cara para me visitar. Ele disse: 'Lembra, durante a campanha, você me disse que, agora, estaria aqui ou na praia?'. Falei: 'Lembro, me dei mal, estou aqui'", brincou Bolsonaro , sem identificar o interlocutor.
O colunista do Globo Bernardo Mello Franco lembrou que Bolsonaro já havia se comparado a um presidiário sem tornozeleira ao completar dois meses no cargo. "Viver no Alvorada é chato", acrescentou, na época. Em visita a Israel, o presidente brasileiro desabafou que, "graças a Deus", tem função passageira na Presidência . "Imagina ficar o tempo todo com esse abacaxi", disse. De volta a Brasília, Bolsonaro destacou que "não nasceu para ser presidente". "Nasci para ser militar", ressaltou.
Na última sexta-feira, Bolsonaro afirmou à revista Veja que sente uma pressão "muito grande" no cargo, sob as acusações de não ter governabilidade. Na visão do presidente , que se disse alvo de uma série de "sabotagens", falta "patriotismo para algumas pessoas que decidem o futuro do Brasil". Na ocasião, ele comparou a cadeira da Presidência a um mineral que enfraquece um super-herói.
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"Já passei noites sem dormir, já chorei pra caramba também. Angústia, né? Tá faltando o mínimo de patriotismo para algumas pessoas que decidem o futuro do Brasil", relatou. "Imaginava que ia ser difícil, mas não tão difícil assim. Essa cadeira aqui é como se fosse criptonita para o Super-Homem. Mas é uma missão".
Na entrevista a Carlos Massa, o Ratinho , Bolsonaro ainda defendeu seus ministros. Disse que fez a escolha levando em consideração as qualidades técnicas. Voltou a dizer que não quer mais radares no Brasil, já que, para ele, as rodovias brasileiras já estão "apinhadas de pardais". "Está na cara que é uma indústria de multa", afirmou.
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O presidente também defendeu o seu decreto que ampliou a possibilidade de acesso a armas de fogo, sob o argumento de que ajudará a melhorar a segurança do país. E defendeu que não haja punição a agentes que atirarem em serviço. "Se nós botamos armas na mão das Forças, é para usar. Se não for para usar, deixa em casa", disse Bolsonaro .