O presidente Jair Bolsonaro almoça com caminhoneiros na beira da estrada, em Anápolis
Reprodução/O Globo/Jorge William
O presidente Jair Bolsonaro almoça com caminhoneiros na beira da estrada, em Anápolis

Em um almoço com caminhoneiros nesta sexta-feira (31), o presidente Jair Bolsonaroafirmou que vai insistir na estratégia de não 'lotear' os cargos de primeiro escalão do governo e que a única possibilidade de haver mudança é caso o seu mandato seja cassado. Na volta de um compromisso em uma igreja evangélica em Goiânia, Bolsonaro parou no “Posto e Churrascaria Presidente – Um Amigo na Estrada”, na beira da estrada, em Anápolis (GO), onde ficou por cerca de 40 minutos. 

Em tom bastante informal, o almoço foi repleto de perguntas de caminhoneiros, que estavam na mesma mesa que o presidente – a maioria das questões, no entanto, foi esclarecida pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas. Ao retrucar um comentário de um motorista, que afirmou que estava faltando “boa vontade” e citou o Supremo Tribunal Federal (STF) como um exemplo, Bolsonaro reforçou que a única chance de haver uma alteração é se ele for obrigado a deixar o cargo.

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"Estou comendo o pão que o diabo amassou, tá. Não loteamos ministérios, bancos oficiais, estatais. Só muda se alguém cassar meu mandato", desabafou o presidente.

Em seguida, o caminhoneiro afirmou: “Pode ter certeza que estamos com o senhor”. Ao longo da conversa, Bolsonaro procurou tratar de temas de interesse da categoria, que demonstrou apoio a ele na campanha eleitoral, e chegou a estimular um motorista a solicitar o porte de arma.

O decreto do governo sobre o tema flexibilizou o porte para vinte categorias profissionais – o texto tirou a obrigação de o solicitante comprovar a “efetiva necessidade”. O presidente comeu arroz, feijão, rodízio de churrasco (a R$ 35) e bebeu Coca-Cola.

"No decreto, eu acabei com a comprovação da efetiva necessidade. Por enquanto, tá um pouco caro ainda, mas vamos diminuir isso daí. Mas já abriu as portas, dá entrada (no porte). Tem um tempo de dois ou três meses para conceder o porte. Eu coloquei lá como profissão de risco ( caminhoneiros ). Quanto mais arma, mais segurança. Se tiver arma de fogo, é para usar", disse o presidente.

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Em outros acenos, Bolsonaro disse que já construiu um entendimento com o ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) para o fim dos radares móveis, controlados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), e ressaltou que vai mandar ao Congresso, na semana que vem, um projeto de lei estendendo a validade da Carteira Nacional de Habilitação para dez anos.

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Em outros momentos, no entanto, a conversa tratou de assuntos mais amargos. Ao ser perguntado sobre a previsão de aposentadoria especial para caminhoneiros na reforma da Previdência, em tramitação na Câmara , Bolsonaro recorreu ao líder do governo na Casa, Major Vitor Hugo (PSL-GO), para responder que não há benefício. O presidente também se esquivou de novas polêmicas a respeito do preço do diesel – um dos presentes quis saber se havia alguma intenção de baixar o valor do combustível nas bombas.

"O que mais pesa no Brasil no (preço do) combustível é o ICMS, que é o estado. Por isso eu trabalho para privatizar o refino. Quanto mais tiver concorrência, melhor", sustentou. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, e o porta-voz da Presidência, Rêgo Barros, também acompanharam o presidente no almoço, que reuniu cerca de 30 caminhoneiros e não estava na agenda oficial divulgada pelo Palácio do Planalto na noite anterior.

Em outro momento, sem dar maiores detalhes, Bolsonaro disse que o preço do álcool vai baixar em torno de R$ 0,20 assim que as usinas puderem vender de maneira direta para os postos, sem intermediários. Na saída, em breve contato com jornalistas, o presidente disse que o local foi escolhido para o almoço porque um levantamento identificou que seria o lugar onde mais caminhoneiros estariam reunidos no horário.  Ele não quis comentar os protestos de quinta-feira (30) contra os cortes na educação  e disse que estava ali para “falar de caminhoneiros”.


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