Adélio Bispo de Oliveira deu uma facada em Bolsonaro durante a campanha eleitoral
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Adélio Bispo de Oliveira deu uma facada em Bolsonaro durante a campanha eleitoral

Autor da facada no atual presidente Jair Bolsonaro (PSL), durante ato de campanha em Juiz de Fora (MG) em setembro de 2018,  Adélio Bispo de Oliveira  disse, em entrevistas para atestar sua sanidade mental, que cometeu o atentado porque o então candidato fazia parte de "uma conspiração maçônica para destruir o Brasil" e que pretende matá-lo ao sair da cadeia. Disse, ainda, que pretende fazer o mesmo com o ex-presidente Michel Temer (MDB). Segundo ele, Temer participaria da conspiração maçônica para conquistar as riquezas do Brasil. 

"Demonstrando pouco se importar com o fato de estar encarcerado e de eventuais consequências penais ou processuais de seus atos afirmou aos peritos que quando sair cumprirá sua missão de matar o atual Presidente da República, bem como o ex-presidente Michel Temer, que em sua visão também participaria da conspiração maçónica para conquistar as riquezas do Brasil", narra o juiz da Bruno Savino, responsável pela decisão que concluiu que o agressor sofre transtorno delirante persistente, o que o torna inimputável .

Durante as entrevistas feitas pelos médicos, Adélio disse ter esfaqueado Bolsonaro por motivos de ordem religiosa e política. Quanto ao primeiro refere-se que "ouviu a voz do seu Deus que o mandou matar o candidato, pois dessa forma salvaria o Brasil".

Sobre as motivações políticas, disse haver uma "uma conspiração da maçonaria para tomar o poder e entregar as riquezas do país ao FMI, aos maçons e à máfia italiana". Ele afirmou, ainda, que "o governo todo está infiltrado de maçons e Bolsonaro é maçom".

Na visão de Adélio, caso viesse ser eleito, o então candidato "mataria os simpatizantes da esquerda, pobres, pretos, índios quilombolas e homossexuais para que as riquezas do Brasil ficassem apenas com os maçons".

O agressor chegou a relatar aos psiquiatras a declaração de Bolsonaro dias antes da facada, durante visita de campanha em Rio Branco, no Acre, quando declarou que caso eleito, "fuzilaria os petralhas " ou estes teriam que ir para a Venezuela.

Segundo os médicos que estiveram com eles, nos meses que antecederam o atentado, o réu passou a ter revelações que somente "ele poderia salvar o Brasil desta destruição". Disse ter ouvido a voz de Deus dizendo que ele era o "escolhido para salvar o Brasil", por meio do atentado contra a vida do então candidato à Presidência da República.

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Chamou atenção dos médicos o tom de voz durante a entrevista, caracterizado como monótomo e seguro, como quem tem certeza "das verdades do que relatava". Em alguns pontos, ao ser questionado sobre alguns pontos, Adélio chevava a se exaltar e tentar nos explicar suas convicções de forma prolixa.

"O atentado contra o então candidato Jair Messias Bolsonaro, diretamente relacionado com a doença psicótica, integrou o ápice de uma trama delirante do réu, na qual aquele ato extremo era totalmente justificado em sua realidade paralela, em que sacrificaria a própria vida para o cumprimento de uma missão que lhe foi outorgada diretamente por Deus para salvar o Brasil da conspiração de maçons e da máfia italiana", afirmou Savino, na decisão.

As ameaças feitas a Bolsonaro e Michel Temer foram encaminhadas para o Ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, para ciência e adoção de medidas que entender pertinente.

Adélio não tinha contado com familiares

Durante os exames feitos na penitenciária federal de Campo Grande, os médicos afirmaram que o transtorno metal de Adélio Bispo fez com que ele não mantivesse contato com familiares. Tampouco tinha amigos, sendo frequentes os relatos de vizinhos e colegas de trabalho de que ele era uma pessoa reservada e solitária.

Nos depoimentos Adélio disse que não manteve qualquer relacionamento afetivo nos últimos 11 anos, em cumprimento às ordens de Deus. Ainda conforme narrado, os desejos sexuais seriam controláveis, uma vez que "ele ouve a voz de Deus o proibindo de qualquer relacionamento". A declaração corrobora com as colhidas nas investigações feitas pela Polícia Federal. 

Segundo o juiz, a paranoia vivida por Adélio o o impingiram constantes mudanças de domicílio, tendo residido em diversas cidades da Região Sul e Sudeste. A doença também fez com que o réu permanecesse apenas curtos períodos em seus quase 40 vínculos empregatícios. Há, também várias menções ao fato do agressor conversar sozinho, o que corroboraria a existência das alucinações auditivas mencionadas por pessoas que conviveram com ele.

Na decisão que tornou o agressor inimputável, o juiz Bruno Savino, responsável pela ação na 3ª vara da Justiça Federal de Juiz de Fora, afrima que "Adélio entrelaça em sua certeza psicótica, a um só tempo, delírios místicos-religiosos, políticos-ideológicos, persecutórios e de referência para criar uma interpretação própria e totalmente distorcida da realidade".

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