O vice-presidenteHamilton Mourão indicou nesta sexta-feira, no último dia de sua visita à China, que vê favoravelmente as manifestaçõesmarcadas para domingo em apoio ao governo Bolsonaro. Em viagem a Paris, o chanceler brasileiro,Ernesto Araújo , destacou que espera dos atos a demonstração do "forte anseio da população" pelas reformas propostas pelo governo, sobretudo a previdenciária.
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"Toda e qualquer manifestação, desde que seja pacífica e com objetivos democráticos, ela é bem-vinda", disse Mourão , que antes havia relutado em fazer comentários sobre assuntos domésticos enquanto estivesse fora do Brasil.
Em entrevista a jornalistas brasileiros após a conclusão de sua agenda oficial na China, porém, o vice-presidente manifestou desconforto com o clima de confrontação política que existe hoje no Brasil, e que para ele representa um entrave inclusive para a projeção do país no mundo.
"Temos que arrumar a nossa casa. A casa está um pouco desorganizada, não é só na questão econômica, nós estamos vivendo hoje discussões dentro do país que não é necessário discutir da forma como estão sendo travadas, suscitando ódios", disse. "Nós temos que voltar a ser um país mais homogêneo na discussão dos pontos de vista e de como nos conduzir. E nós temos que construir um projeto, um norte para o país", explicou.
Houve na comitiva brasileira que acompanha o vice-presidente na China quem se sentisse aliviado porque a chegada de Mourão está prevista para domingo à noite, portanto provavelmente depois das manifestações previstas por apoiadores de Bolsonaro . Da China o vice-presidente viaja para a Itália, onde passa um dia.
O último compromisso de Mourão na China foi um encontro com o presidente do país, Xi Jinping, em Pequim. Para o vice-presidente, o principal objetivo da visita foi alcançado: abrir o canal de diálogo com a segunda maior economia do mundo. No encontro com Xi, Mourão transmitiu um convite do presidente Jair Bolsonaro para que o presidente chinês visite a China, o que deve ocorrer no segundo semestre, na cúpula dos Brics. Também manifestou o interesse de Bolsonaro de vir à China ainda neste ano.
'Não é manifestação contra', diz chanceler
Em encontro com empresários franceses na manhã desta sexta-feira, em Paris, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse esperar que as manifestações de rua de domingo sirvam como sinal do apoio popular à realização de reformas estruturais no país.
O chanceler recebeu no hotel em que está hospedado, na capital francesa, representantes de seis empresas dos setores de energia, aeroespacial, cosméticos, cimento e açúcar: Total, Engie, L’Oréal, Thales, Vicat, Tereos — interessadas, segundo ele, em saber quais as reformas previstas após a da Previdência.
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Araújo defendeu as passeatas deste domingo mais como uma "pressão positiva" às reformas e menos como manifestações de protesto contra o Congresso ou o Judiciário.
"O presidente tem feito questão de dizer que são manifestações espontâneas. Me parece relevante, porque mostra o grau de engajamento popular que existe hoje com os processos político e de reformas, algo que não tem muito precedente no Brasil. É uma manifestação basicamente a favor de determinadas coisas: da reforma da Previdência, da legislação anticrime, da MP 870, que agora já foi aprovada. Não é uma manifestação contra. O sinal básico que vejo é de apoio ao processo de reformas e de uma pressão positiva, construtiva sobre o Congresso para avançar no sentido que entendemos como essencial para todo o programa do governo", disse, depois, em entrevista a jornalistas brasileiros.