O presidente Jair Bolsonaro (PSL), enfim, recebeu o prêmio de Personalidade do Ano, oferecido pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos. Em cerimônia realizada nesta quinta-feira (16), em Dallas (Texas) , o presidente voltou a comentar as manifestações de estudantes que tomaram as ruas de mais de 200 cidades brasileiras contra o bloqueio de recursos nas universidades e institutos federais.
"Ontem, vimos capitais terem manifestações, como se a educação, até o fim do ano passado, era uma maravilha no Brasil. A esquerda brasileira se infiltrou e tomou as universidades e as escolas do ensino médio e fundamental. Nosso trabalho não é fácil, mas, com fé em Deus, com os brasileiros, com os amigos que vivem fora do Brasil e que veem com preocupação o nosso futuro, nós venceremos essa batalha", disse Bolsonaro .
Em seu discurso, o presidente reafirmou a intenção de firmar laços com os Estados Unidos e chegou a confundir o próprio slogan de campanha (Brasil acima de tudo, Deus acima de todos) ao lançar uma versão américo-brasileira: "Brasil-Estados Unidos acima de tudo. Brasil acima de todos", disse.
Em sua ronda de ataques à esquerda, Bolsonaro chegou a mencionar suposto envolvimento da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) com a morte do capitão americano Charles Rodney Chandler, assassinado em 1968.
"No Brasil, a política era de antagonismo a países como os Estados Unidos. Vocês eram tratados como se fossem inimigos. O governo anterior, infelizmente, tem as mãos manchadas de sangue na luta armada, matando também um capitão, como eu sou também um capitão", disse.
O assassinato do capitão Charles Chandler se deu em outubro de 1968 por obra da Vanguarda Armada Revolucionária (VPR). À época, Dilma integrava o grupo Comando de Libertação Nacional (Colina), que, só após a morte do militar americano, veio se fundir à VPR.
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Presidente diz lamentar "não" de Nova York
O prêmio oferecido ao presidente foi entregue em Dallas após campanhas desencorajarem a realização da cerimônia em Nova York – o que foi apoiado pelo prefeito da cidade, Bill de Blasio, crítico de Bolsonaro. O capitão disse "lamentar" o episódio, mas manteve os acenos aos americanos.
"Eu lamento muito. Eu não posso ir à casa de uma pessoa onde alguém de sua família não me queira bem. Mas o meu amor ao povo americano, inclusive aos nova-iorquinos, continuará da mesma forma, como sempre respeitei a todos vocês. O momento é de glória e de felicidade ímpar para mim. O Brasil de hoje é amigos dos Estados Unidos, respeita os Estados Unidos, e quer os empresários americanos ao nosso lado."
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