O senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) se defendeu das acusações do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) de que ele teria lucrado até 292% em transações imobiliárias suspeitas de lavagem de dinheiro . De acordo com o parlamentar, ele está 'sendo vítima de seguidos e constantes vazamentos de informações'.
"Não são verdadeiras as informações vazadas na revista Veja acerca de meu patrimônio. Continuo sendo vítima de seguidos e constantes vazamentos de informações contidas em processo que está em segredo de justiça", escreveu Flávio Bolsonaro no Twitter.
"Os valores informados são absolutamente falsos e não chegam nem perto dos valores reais. Sempre declarei todo meu patrimônio à Receita Federal e tudo é compatível com a minha renda", acrescentou o filho do presidente.
Flávio ainda garantiu que seu passado é limpo e que jamais cometeu 'qualquer irregularidade'. "Tudo será provado em momento oportuno dentro do processo legal".
Por fim, o parlamentar disse lamentar que 'algumas autoridades do Rio de Janeiro continuem a vazar ilegalmente à imprensa informações sigilosas, querendo conduzir o tema publicamente pelos meios de comunicação e não dentro dos autos'.
Entenda a acusação do MP contra Flávio Bolsonaro
De acordo com o MP-RJ, Flávio Bolsonaro adquiriu 19 imóveis por R$ 9,4 milhões entre 2010 e 2017 e fez operações de venda que lhe renderam lucros de R$ 3 milhões no período.
Um dos casos relatados é o de um apartamento na Avenida Prado Júnior, em Copacabana , no Rio, adquirido por ele em novembro de 2012 por R$ 140 mil e revendido em fevereiro de 2014 por R$ 550 mil, gerando um lucro de R$ 410 mil em pouco mais de um ano.
Segundo levantamento feito pelo MP, a valorização do imóvel foi de 292% no período, em contraste com a valorização imobiliária média da região de Copacabana, que no mesmo período foi de 11%.
Os investigadores apontam outra transação envolvendo imóvel no mesmo bairro, desta vez na Rua Barata Ribeiro. Comprado também em novembro de 2012 por R$ 170 mil, o apartamento foi vendido em novembro de 2013 por R$ 573 mil, gerando um lucro de R$ 403 mil, equivalente a 273%. Nesse período, os imóveis do bairro valorizaram em média 9%.
Outro caso citado como suspeito de lavagem pelo MP foi a venda de imóveis para uma empresa com sede no Panamá. Entre dezembro de 2008 e setembro de 2010, Flávio Bolsonaro comprou 12 salas comerciais em um condomínio na Barra da Tijuca pelo preço total de R$ 2,6 milhões.
Elas foram revendidas em outubro de 2010 por R$ 3,1 milhões para a empresa MCA Exportação e Participações. “Mais do que o preço da transação, chama atenção o fato de a pessoa jurídica adquirente ter como sócia outra empresa com sede no Panamá (Listel)”, aponta o MP.
Segundo os promotores que assinam a peça contra Flávio Bolsonaro , “um dos mais tradicionais métodos de lavagem de dinheiro consiste na remessa de recursos ao exterior através de empresas off-shore, sediadas em paraísos fiscais, onde torna-se mais difícil apurar os reais beneficiários das transações envolvendo essas companhias”.