Horas após a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), dar prazo de cinco dias para o governo dar mais explicações sobre o decreto que flexibiliza o porte e a pose de armas, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse que, "se for inconstitucional, (o decreto) tem que deixar de existir".
"Teremos um bom embate no tocante a isso (decreto das armas), pode ter certeza. Não estamos fazendo nada mais do que o povo quis em 2015. E estamos dentro do limite da lei. Se for inconstitucional, tem que deixar de existir. Quem vai dar a palavra final é o plenário da Câmara ou a justiça", disse Bolsonaro , durante cerimônia de lançamento da pedra fundamental da construção da segunda ponte entre o Brasil e Paraguai.
O presidente não se estendeu sobre o assunto. Na ocasião, ainda elogiou o presidente paraguaio e o país vizinho. "Uns tem camisa paraguaia, outros, relógio, eu tenho o coração. Se no passado os presidentes eram militares e nos legaram grandes obras, no presente os presidentes são 'paraquedistas' e, talvez, por estarem mais perto do céu, têm os melhores sonhos para os povos. Que bom estarmos em um país onde as velhas ideologias foram deixadas para trás", afirmou.
Além de dar um prazo de cinco dias para Bolsonaro explicar o decreto assinado nesta semana que flexibiliza o porte de armas, Rosa Weber , que é a relatora da ação protocolada pelo partido Rede, deu o mesmo prazo para que o Ministério da Justiça, comandado por Sérgio Moro, dê suas justificativas para o ato. Ela também abriu a possibilidade de manifestações para Advocacia-Geral da União (AGU), Procuradoria-Geral da República (PGR), Senado Federal e Câmara dos Deputados.
A ministra deve aguardar a resposta antes de decidir se suspende ou não de forma liminar o decreto. Nesta sexta-feira, as duas Casas do Congresso divulgaram, cada uma, o seu parecer sobre o tema — antes mesmo da manifestação da magistrada. O Senado pontua que o presidente extrapolou seus poderes e a Câmara aponta inconstitucionalidades relativas ao Decreto do Desarmamento.
O principal argumento é que ao ampliar o porte de armas por decreto, Bolsonaro teria ido contra o Estatuto do Desarmamento, que foi instituído por lei e só poderia ser alterado por nova legislação produzida pelo Congresso.