Em meio a disputa sobre a permanência ou não do Coaf no Ministério da Justiça, comandado por Sérgio Moro, o presidente do órgão, Roberto Leonel, defendeu a "autonomia operacional" do Conselho, o que, para ele, não mudaria mesmo com a transferência para o Ministério da Economia, como defendem parlamentares. Em entrevista à rádio CBN na manhã nesta quinta-feira, Leonel disse ainda que o órgão pretente se fortalecer neste ano, o que inclui aumentar a equipe de trabalho até dezembro, contratando cientistas de dados e analistas financeiros.
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"Seja no Ministério da Justiça ou no da Economia, o modelo de trabalho sempre será o mesmo. O arcabouço legal que determina a atividade do Coaf nunca mudou", afirmou ou presidente. Ele também explicou que atualmente, o órgão conta com maior atenção de Sergio Moro . "O que temos hoje é maior proximidade com o ministro, maior atenção de gabinetes e secretarias e comunicação com órgãos de investigação, como Ministério Público e própria Polícia Federal. Temos autonomia operacional, isso não deve mudar", disse.
Durante a entrevista, Roberto Leonel disse ainda que, apesar de estar a frente do Coaf por apenas quatro meses, "nunca ouve interferência política" no Conselho. Ele reconheceu que o trabalho do órgão pode atringir a classe política, mas reforça que osso seria apenas resultado do trabalho técnico já realizado pelo Conselho.
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"Nosso trabalho é técnico e impessoal. Recebemos cerca de 14 a 15 mil comunicações de atividades suspeitas de instuições que já são obrigadas por lei a fazer isso. O nosso trabalho pode atingir grupos e pessoas que podem se sentir prejudicados, porém, muitas vezes, até mesmo por desinformação, muitos comentam informações sobre o trabalho do Coaf que não correspondem com a realidade como a questão do sigilo bancário ou fiscal" defendeu.
O presidente aproveitou para esclarecer equívocos sobre a atividade do Conselho, como questões sobre investigação e sigilos bancários e fiscais.
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"É importante deixar claro que o Coaf não investiga ninguém. Nós recebemos informações, fazemos relatórios e entregamos aos órgãos que exercem a investigaçõ criminal. Não há quebra de sigilo bancário, a própria lei determina que a gente recebe as comunicações dos entes obrigados. Existe também uma lei própria que protege o sigilo fiscal. A distribuição das informações que recebemos é aleatória, impessoal", esclareceu.