Um dia após ser exonerada
pelo novo presidente da Agência de Promoção de Exportações (Apex-Brasil) da diretoria de Negócios, Leticia Catelani desabafou, nesta terça-feira (7), em
uma rede social. Sem citar nomes, disse ter sofrido pressão de dentro do governo, ao combater "incansavelmente" a corrupção e fechado as torneiras que a alimentavam.
"Estou pagando o preço. Sofri pressão de dentro do governo pela manutenção de contratos espúrios, além de ameaças e difamações. Não me intimidei. Gratidão pelo apoio e o
movimento", afirmou a ex-diretora da Apex
, agradecendo ao movimento #somostodosleticias", um dos mais comentados na rede social nesta terça.
Existe no governo uma interpretação, não compartilhada por todos, de que as demissões de Letícia Catelani e Márcio Coimbra
(diretor de Gestão Corporativa) deveriam ser
revertidas, até que o conselho deliberativo administrativo da Agência aprove as destituições. Isto porque o novo presidente da agência
, o contra-almirante Sergio Ricardo Segovia,
teria cometido uma ilegalidade, ao afastar Catelani e Coimbra sem o aval dos conselheiros.
Uma graduada fonte, com trânsito no Palácio do Planalto e no Itamaraty - ao qual a Apex é subordinada - garantiu que as exonerações estão mantidas. Responsável pela indicação
dos dois diretores afastados, o próprio ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo
, teria em mãos, inclusive, os nomes dos substitutos.
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Araújo já havia avisado aos diretores que eles seriam destituídos e deu a eles um prazo para que concluíssem atividades pendentes e passassem um resumo de tudo aos sucessores.
Os diretores integravam o grupo dos "olavetes", chamados assim por serem ligados ao guru do bolsonarismo, Olavo de Carvalho. Ambos se desentenderam com os dois primeiros
presidentes da Apex, Alex Carreiro e Mário Vilalva, que saíram da agência devido a divergências internas.
O nome de Segovia, levado pelo próprio chanceler ao Planalto, foi aprovado por Jair Bolsonaro (PSL) no último dia 22 de abril, conforme o GLOBO antecipou. O novo titular, porém, aproximou-se do general Carlos Alberto dos Santos Cruz, chefe da Secretaria de Governo, que se tornou alvo de um ataque virtual provocado por Olavo de Carvalho, com apoio do filho mais velho do presidente da República, o vereador pelo Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (PSC).
Com um orçamento de R$ 700 milhões para este ano e sem a rigidez de um órgão estritamente público, a Apex é a fórmula certa para atrair interesses e pressões de todos os tipos. Há, dentro do governo, uma corrente que defende a extinção da agência. O fim da Apex chegou a ser sugerido por Ernesto Araújo, na época da transição, mas o presidente Jair
Bolsonaro decidiu mantê-la.
Outro membro do primeiro escalão que defende abertamente a extinção da Apex
é o ministro da Economia, Paulo Guedes. Em uma entrevista à GloboNews
, há cerca de três semanas,
Guedes disse que se a agência estivesse sob seu comando, já teria deixado de existir.