Fachada da sede da Apex Brasil
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Fachada da sede da Apex Brasil

Em seu primeiro dia como presidente da Agência de Promoção de Exportações (Apex-Brasil), Sergio Ricardo Segovia exonerou os diretores Márcio Coimbra e Letícia Catelani, respectivamente de Gestão Corporativa e Negócios. Com a destituição dos dois diretores nesta segunda-feira (6), o novo chefe da Apex procura encerrar uma crise sem precedentes, que culminou com a troca de dois presidentes da agência em menos de cinco meses.  

Segovia  ocupava, até a semana passada, a diretoria do Departamento de Informação do Ministério da Defesa. É o terceiro presidente nomeado para a Apex no governo Bolsonaro. Antes dele, estiveram no cargo Alex Carreiro e Mário Vilalva. Ambos se desentenderam com Letícia Catelani e Márcio Coimbra .  

Na queda-de-braço ocorrida ao longo dos últimos meses, os dois diretores levaram a melhor e foram mantidos pelo chanceler Ernesto Araújo, a quem a agência é subordinada. Mas isso acabou não se repetindo com a ida do contra-almirante da Marinha para o órgão.

Segundo fontes, partiu do próprio Ernesto Araújo a ideia de colocar o militar à frente da Apex. A situação da agência preocupava o Palácio do Planalto e gerava críticas dentro do próprio governo. O ministro da Economia, Paulo Guedes, por exemplo, chegou a defender publicamente a extinção do órgão, que tem um orçamento de quase R$ 1 bilhão para este ano.

"Era como se a situação tivesse fugido ao controle do chanceler", explicou uma fonte da área diplomática.

Escolha pessoal do presidente Jair Bolsonaro em janeiro deste ano, Alex Carreiro ficou pouco mais de uma semana no cargo. Demitiu 17 funcionários, nomeou 11 e já havia acertado a contratação de outros dez. Mas ajudou na sua demissão o fato de Carreiro não falar inglês, uma exigência do cargo num órgão encarregado de promover bens e serviços brasileiros no exterior.  

No mês passado, foi a vez de o embaixador Mário Vilalva ser destituído. Vilalva também vinha se desentendendo com Letícia Catelani e Márcio Coimbra. Mas declarações dadas à imprensa pelo embaixador contra o chanceler culminaram com seu afastamento. 

Os problemas de Vilalva com os dois diretores tinham como pano de fundo divergências administrativas sobre a renovação de contratos da agência. O então presidente da instituição, vendo-se isolado, resolveu buscar o apoio das Forças Armadas e nomeou o general Roberto Escoto para a chefia de Gabinete. 

Outro episódio que contribuiu para o agravamento da crise foi a instalação de duas portas com controle de pessoas que poderiam acessar as salas de Letícia e Coimbra. Até o presidente da Apex precisava de aprovação para passar pelo local. 

A instalação das portas ocorreu depois da publicação de uma portaria, redigida por Mário Vilalva, que diminuiu os poderes e atribuições de Catelani e Coimbra, como a “contratação e dispensa de pessoal” e também de “representar a Apex em juízo ou fora dele”. Além disso, os dois não podiam mais prover cargos comissionados e funções de confiança dentro da agência. 

A gota d'água foi quando o ministro das Relações Exteriores fez mudanças no estatuto da Apex . Vilalva descobriu que o Diário Oficial lhe tirava poderes e empoderava os dois diretores. A partir de então, o então presidente da agência passou a criticar abertamente Ernesto Araújo em declarações a vários veículos de comunicação. 

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