O senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) disse, nesta quinta-feira, que o Brasil tem parte da responsabilidade pelo conflito na Venezuela , uma vez que "governos anteriores, do PTprincipalmente, financiavam essa ditadura, com dinheiro do brasileiro". Na Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado, ele disse que o governo Jair Bolsonaro "não tem nenhum interesse em qualquer tipo de conflito bélico, armado, militar" no país vizinho.
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Ao comentar "a situação difícil de se contornar" na Venezuela, Flávio Bolsonaro
disse que "a gente está com vários problemas nossos interno aqui e tem de lidar com mais esse também, que não foi ocasionado por nós".
"Ou, na verdade, até foi, porque governos anteriores, do PT principalmente, financiavam essa ditadura, com dinheiro nosso, do brasileiro, do BNDES, por exemplo. Tem de cobrar dessas pessoas que fizeram tanto mal para o nosso país, pegaram dinheiro nosso e financiaram ditaduras, como a venezuelana. Ainda há partidos de esquerda aqui que dão suporte, como se houvesse tentativa de golpe lá na Venezuela", atacou.
Questionado sobre o apoio brasileiro a uma eventual ação militar dos Estados Unidos na Venezuela, cedendo, por exemplo, o território a aeronaves estadunidenses, Flávio evitou opinar.
"Quem tem de decidir isso é o presidente, com o conselho que ele tem, e a decisão que for tomada, dependendo de qual for, passa pelo Congresso", disse.
Em breve comentário na CRE, Flávio disse que "não há guerra entre Brasil e Venezuela".
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"Mas é um problema que só vai se resolver ao se restabelecer a democracia na Venezuela, de maneira a permitir que as pessoas possam lá permanecer e voltar para lá com segurança, com a garantia do seu direito de ir e vir. Do lado brasileiro, a forma como o Governo vem conduzindo essas tratativas é uma forma muito tranquila, com o pé no chão, a todo momento fazendo questão de mostrar que não tem nenhum interesse em qualquer tipo de conflito bélico, armado, militar."
Ao abrir a reunião da CRE, o presidente da comissão, Nelsinho Trad (PSD-MS) leu breve posicionamento do colegiado sobre o conflito.
"Manifestamos nossa profunda preocupação com os recentes acontecimentos na Venezuela . Lamentamos a morte de civis e também as dezenas de feridos. Reiteramos a nossa expectativa de uma transição democrática em um processo pacífico e de respeito aos direitos humanos. O nosso país continuará a exercer pressão diplomática nessa direção", disse.
O representante de Roraima presente na reunião, senador Mecias de Jesus (PRB), listou uma série de impactos da crise venezuelana no seu estado e cobrou mais recursos federais.
"A Operação Acolhida que cuida, em tese, dos venezuelanos que saem de Roraima, gastou até agora R$260 milhões para cuidar dos venezuelanos e, num passe de mágica, o governo federal abre mais um crédito suplementar de R$ 223 milhões para o Ministério da Defesa, para cuidar dos venezuelanos. E quem vai cuidar do povo de Roraima?", questionou
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"Não dá para mandar R$ 200 milhões para cuidar dos venezuelanos e não ajudar Roraima, que está afundado em dívidas, em mais de R$ 6 bilhões, que não tem medicamentos nos hospitais, que não equipamentos, não tem condições de colocar merenda escolar nas escolas e não mandar nenhum centavo para esse estado. A ajuda humanitária deveria começar por Roraima", disse.
Questionado sobre a queixa do colega na comissão, Flávio Bolsonaro defendeu a medida do governo federal. "Ele (Mecias) deu um foco que, sem perceber, que esse dinheiro que vai ser usado pelo governo federal lá vai ajudar demais o povo roraimense. Exatamente para tentar normalizar, por exemplo, a questão da área da saúde, grande parte dos leitos nos hospitais é ocupada por venezuelanos. Então, quando você começa a resolver essa questão venezuelana, você obviamente, por consequência, está ajudando o povo roraimense" argumentou.