Bolsonaro afirma que objetivo é focar os recursos em áreas que trazem retorno ao contribuinte
Carolina Antunes/PR
Bolsonaro afirma que objetivo é focar os recursos em áreas que trazem retorno ao contribuinte

O presidente Jair Bolsonaro anunciou, nesta sexta-feira (26), em sua conta do Twitter que o Ministério da Educação estuda descentralizar investimentos em faculdades de filosofia e de sociologia. Segundo ele, o objetivo é focar os recursos em áreas que trazem retorno ao contribuinte, e citou os cursos de veterinária, engenharia e medicina como exemplo de áreas a serem valorizadas.

A informação corrobora a fala do ministro da Educação, Abraham Weintraub, que participou de transmissão ao vivo no Facebook de Jair Bolsonaro na quinta-feira (26). Na ocasião, Weintraub afirmou que a medida é inspirada no governo do Japão.

De acordo com o ministro, o Japão tirou dinheiro público de cursos de sociologia e filosofia, porque estes já seriam cursos buscados por pessoas de elite, para aplicar nos tais cursos que geram retorno. Para o ministro, o estudo de filosofia deve ser feito com dinheiro próprio.

Rafael Akio, mestrando em Ciências Sociais na Universidade Federal do ABC (UFABC), em São Paulo, discorda fortemente das afirmações do ministro. Ele acredita que a decisão não tem base empírica. “Eles baseiam suas políticas públicas em torno de especulações com vínculo ideológico apenas”, avalia.

Para Akio, o estudo de filosofia e sociologia é essencial para a formação do pensamento crítico. “É você se propor a examinar sua vida e a vida ao seu redor. É tirar da régua algo que não é mensurável. Sair da esteira que você foi posto porque ‘é o que todo mundo tem de fazer’”, explica o estudante.

“Não é só fazer conta que vai nos tornar mais humanos. Esse pensamento de retorno econômico é instrumentalizar a vida de pessoas, desconsiderar que elas podem valorar aspectos que não são ligados à riqueza.”, defende Akio.

A opinião do mestrando em Ciências Sociais é compartilhada pela sua namorada e estudante de Ciência e Tecnologia da UFABC, Alissa Munerato. “O avanço da ciência não acontece sem o estudo da filosofia. Os dois sempre caminharam juntos. Dessa forma o Brasil sempre estará atrasado em relação a outros países na área de Ciência e Tecnologia”, afirma.

Segundo Alissa, a redução de investimento na área de humanas iria “intensificar o retrocesso científico pelo qual já estamos passando”.

Apesar da defesa da área, o mestrando em Ciências Sociais reconhece que pela valorização das áreas deve ganhar menos. “A gente sabe que ela vai acabar ganhando mais no mercado de trabalho, sobretudo porque ela já trabalha com ciência de dados, área que agora paga muito.”

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