Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli
G.Dettmar/CNJ - 18.9.18
Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli

As recentes decisões proferidas nesta semana pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli e Alexandre de Moraes desencadearam uma onda de reações no Congresso. No Senado, um pedido de impeachment contra os magistrados já conta com nove assinaturas.

“O Senado Federal é a única instância que, pela Constituição, pode tomar providências sobre as condutas individuais de alguns ministros. Queremos poderes democráticos e um país mais igualitário para todos”, escreveu o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), autor do pedido contra Toffoli e Moraes.

O pedido de impeachment seguirá para a Mesa Diretora e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), deve decidir se ele será arquivado ou se terá prosseguimento. Caso seja aceito, será instalada uma comissão de 21 senadores para emitir parecer. A decisão final caberá ao plenário. O quórum para o impeachment de um ministro do STF é de dois terços da Casa, ou 54 senadores.

O presidente do Senado também de leva ao plenário a discussão sobre o arquivamento ou não do pedido de criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Tribunais Superiores, conhecida como 'Lava Toga'.

O pedido de criação da Lava Toga havia sido rejeitado na semana passada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que entendeu que a medida levaria ao "esgarçamento das relações entre os poderes", conforme o relatório elaborado pelo senador Rogério Carvalho (PT-SE).

O caminho natural do pedido após a decisão da CCJ seria o arquivamento, ainda mais porque não houve apresentação de recurso dentro do prazo regimental. Mas o descontentamento ocasionado pelas decisões de Toffoli e Moraes levou Davi Alcolumbre a abrir mão de seguir os prazos regimentais em nome do que chamou de "compromisso político".

“O requerimento de CPI deve ser votado no plenário do Senado logo após o feriado. Na próxima semana também vamos protocolar o pedido de impeachment contra os ministros Dias Toffoli e Alexandre de Moraes, pela prática de crime de responsabilidade, com flagrante abuso de autoridade”, explicou Alessandro Vieira.

Moraes voltou atrás em decisão polêmica

Em sabatina do Senado em 2017, Alexandre de Moraes prometeu defender liberdades individuais
Rosinei Coutinho/SCO/STF
Em sabatina do Senado em 2017, Alexandre de Moraes prometeu defender liberdades individuais

Após repercussão negativa, o ministro Alexandre de Moraes decidiu, nesta quinta-feira (18),  revogar a decisão de censurar a reportagem da revista "Crusoé" e o site "O Antagonista" por uma reportagem que contava o apelido de Toffoli, na Odebrecht – "amigo do amigo do meu pai".

Moraes é o relator do inquérito que investiga ofensas e informações falsas contra magistrados do STF e determinou que as reportagens fosse tiradas do ar na segunda-feira (15). Segundo o ministro, novas informações comprovam que documento mencionado pela revista na reportagem censurada, de fato, existe. Portanto, não haveria motivo para a suspensão do texto. 

"Comprovou-se que o documento sigiloso citado na matéria realmente existe, apesar de não corresponder à verdade o fato que teria sido enviado anteriormente à PGR (Procuradoria-Geral da República) para investigação", explica Moraes.

O documento é o trecho de um depoimento do empresário Marcelo Odebrecht.  Ao revisar antiga declaração, o empresário informa que o "amigo do amigo do meu pai", mencionado por ele num e-mail, é o presidente do STF, Dias Toffoli . Moraes mandou censurar a matéria depois de a Procuradoria-Geral da República (PGR) ter afirmado, em nota, que não havia recebido o documento, como a reportagem alegada.

Após a publicação, no entanto, o Ministério Público Federal (MPF) do Paraná pediu que o documento fosse retirado dos autos da Lava Jato e enviado à PGR para apuração. A 13ª Vara Federal de Curitiba autorizou o envio.

"A existência desses fatos supervenientes – envio do documento à PGR e integralidade dos autos ao STF – torna, porém, desnecessária a manutenção da medida determinada cautelarmente, pois inexistente qualquer apontamento no documento sigiloso obtido mediante suposta colaboração premiada, cuja eventual manipulação de conteúdo pudesse gerar irreversível dano a dignidade e honra do envolvido e da própria Corte, pela clareza de seus termos", explica Moraes.

"Diante do exposto, REVOGO a decisão anterior que determinou ao site O Antagonista e a revista Crusoé a retirada da matéria intitulada “O amigo do amigo de meu pai” dos respectivos ambientes virtuais", escreveu o ministro na decisão.

O inquérito relatado por  Alexandre de Moraes  foi aberto mediante portaria de Toffoli, sem manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR), como é a praxe na Corte. Na terça-feira (16), a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, defendeu o arquivamento do inquérito, mas Moraes preferiu mantê-lo vivo.

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