A senadora Selma Arruda (PSL) teve o mandato cassado nesta quarta-feira (10) pelo Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT). O suplente da vaga, Gilberto Possamai, também foi afetado pela decisão. Ambos foram acusados de omitir da Justiça Eleitoral despesas de R$ 1.232 milhão na campanha de 2018, configurando caixa dois e abuso de poder econômico.
O desembargador determinou nova eleição para o cargo. O voto do relator foi acompanhado por todos os magistrados do tribunal. Selma e o suplente também foram considerados inelegíveis e não podem concorrer à próxima eleição.
Por meio de nota, Selma afirmou que está tranquila e vai recorrer da decisão. "A tranquilidade que tenho é com a consciência dos meus atos, a retidão que tive em toda a minha vida e que não seria diferente na minha campanha e trajetória política. Respeito a Justiça e, exatamente por esse motivo, vou recorrer às instâncias superiores, para provar a minha boa fé e garantir que os 678.542 votos que recebi da população mato-grossense sejam respeitados".
Ex-juíza, Selma se tornou conhecida nacionalmente por ter tomado decisões judiciais contra políticos importantes no estado. Foi ela quem determinou a prisão do ex-governador Silval Barbosa (MDB) e do ex-presidente da Assembleia de Mato Grosso José Geraldo Riva (PSD).
Você viu?
Por conta disso, ela ganhou o apelido de 'Moro de saias', sendo a senadora mais bem votada no estado no ano passado.
De acordo com as apurações do Ministério Público Federal, a ex-juíza contraiu despesas de natureza tipicamente eleitoral de, no mínimo, R$ 1,2 milhão, "as quais foram quitadas com recursos de origem clandestina que não tiveram regular trânsito pela conta bancária oficial", diz o relatório.
Por sua vez, Selma Arruda se diz inocente e afirma que os recursos utilizados seriam de um empréstimo de R$ 1,5 milhão que teria feito junto ao seu suplente, Gilberto Possamai (PSL). A parlamentar conta ainda que ele teria depositado em sua conta pessoal o valor, ainda em abril de 2018, e, portanto, o montante não seria proveniente de doação de campanha e não poderia configurar como caixa dois.
Ex-ministro da Justiça no governo da ex-presidente Dilma Rousseff, José Eduardo Cardozo é o advogado de Fávaro na ação e fez a defesa da cassação da senadora na sessão do TRE desta quarta-feira. Para ele, as provas são "contundentes". Cardozo destaca que, a pedido deles, as informações serão remetidas ao Ministério Público para que seja avaliada uma acusação criminal contra a senadora.