Após uma intensa troca de farpas públicas em março, o presidente Jair Bolsonaro e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, participaram juntos da abertura da Marcha em Defesa dos Municípios, onde discursaram para prefeitos de cidades de todo o País.
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Os dois sentaram perto um do outro, apenas com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, entre a dupla. Foi com o senador que Bolsonaro passou a maior parte do evento conversando. Na hora dos discursos, no entanto, os dois fizeram questão de agradecer um ao outro e o presidente ainda chamou o deputado de irmão.
"Presidente Bolsonaro, um prazer estar com Vossa Excelência no evento de prefeitos", disse Maia no início de sua fala. Ele ainda relembrou da importância da refoma da Previdência para recuperar a economia do País. "A reforma da Previdência vem organizar. Se nada for feito em relação a ela, nenhum de nós, políticos, vai conseguir sair na rua nunca mais", explicou Maia .
Quando chegou sua vez, Bolsonaro também esbanjou cortesia. "Prezado irmão Rodrigo Maia, é um prazer estar entre vocês", disse o presidente, que concordou sobre a questão previdenciária, também citando o ex-colega de Câmara. "Como disse Maia, não gostaríamos de ter de fazer a reforma previdenciária, mas somos obrigados a fazê-la", colocou.
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Relembre o atrito entre Maia e Bolsonaro
Vista como necessária pelos partidos do chamado "Centrão" e pela ala técnica do governo, a reforma da Previdência proposta pelo ministro da Economia Paulo Guedes foi colocada como prioridade do governo federal assim que Bolsonaro assumiu o cargo. No entanto, o "pacote anticrime" criado pelo ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro ganhou espaço dentro do governo por agradar a base aliada e o eleitorado mais vocal do presidente.
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Ao reclamar da falta de espaço para votar o pacote de leis na Câmara dos Deputados, Moro despertou a ira do presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM). "Moro está desrespeitando acordo meu com o governo. Nosso acordo é priorizar a reforma da Previdência. Espero que ele entenda que hoje ele é ministro de Estado. Ele está abaixo do presidente. Eu já disse a ele que esse projeto vai ser posterior à Previdência", disse Maia.
A resposta de Maia gerou críticas de Carlos Bolsonaro, que ironizou o presidente da Câmara pelas redes sociais. O parlamentar não gostou e sinalizou que deixaria a articulação da reforma. Bolsonaro colocou panos quentes, dizendo que "nunca havia falado mal de Maia", mas o deputado voltou a responder com rispidez, dizendo que a obrigação de aprovar a nova Previdência era do governo.
No final de março, o presidente da Câmara selou a paz com Sérgio Moro durante um café da manhã promovido pela líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP). O que ficou acordado entre os dois é que o pacote anticrime circularia primeiro no Senado, enquanto a Câmara seguiria focada na Previdência.
Logo depois, Bolsonaro minimizou o atrito com Maia. Para mim, isso foi uma chuva de verão. O sol está lindo e o Brasil está acima de nós. Um abraço para o Rodrigo Maia. O Brasil está acima de tudo. É uma chuva de verão. Outros problemas acontecerão com toda a certeza", disse o presidente.