O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo , criticou a postura do governo federal em comemorar o golpe militar de 1964. O tucano ainda atacou o filósofo Olavo de Carvalho, considerado o "guru ideológico" do presidente Jair Bolsonaro.
Questionado sobre a comemoração realizada pelo governo no último dia 31, em homenagem ao início da ditadura de 1964, Doria afirmou que foi um erro exaltar o que todos sabem que foi um golpe: "A meu ver, o governo não agiu bem ao promover ou ao pedir que isso fosse comemorado. Eu não creio que o golpe de 1964 deva ser objeto de comemoração. 31 de março foi um golpe", disse João Doria .
"Então essa história existiu. Negar a existência de uma história real não é recomendável. Não se pode apagar o passado", completou o governador.
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Questionado sobre as recentes críticas de Olavo de Carvalho ao vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB), Doria foi duro com o filósofo. "Eu prefiro não emitir a minha opinião sobre Olavo de Carvalho. Até porque não considero importantes as opiniões que ele tem a emitir sobre o Brasil", desdenhou.
Governador exalta reforma da Previdência
Doria também se posicionou de forma favorável à reforma da Previdência, afirmando que, sem a mudança, o Brasil ficaria estagnado. Ele voltou a afirmar que a não consolidação pode mergulhar o país em um caos econômico e social.
"Vai faltar dinheiro. E não apenas para o governo federal, mas para todos os estados, sem distinção. E o mesmo ocorrerá em relação aos municípios. O adiamento refletirá uma perspectiva ruim", afirmou João Doria.
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"Sem a reforma, teremos um caos econômico e social, impondo aos mais pobres a perda de empregos e o empobrecimento das ações sociais de municípios, estados e do governo federal. Ninguém escapa. Todos mergulharão no caos. Todos, sem exceção", finalizou o governador.
Doria afirmou ainda que tem conversado com o presidente Jair Bolsonaro, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre sobre o tema: "Eles sabem da responsabilidade que possuem".
Por fim, quando foi perguntado sobre a possibilidade de concorrer à Presidência da República em 2022, João Doria desconversou e afirmou que o momento é de gestão e administração, e não de abrir qualquer discussão sobre sucessão ou campanha.