O coordenador da força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) na Operação Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, assegurou que os procuradores não vão baixar a cabeça diante da decisão proferida nesta semana pelo Supremo Tribunal Federal (STF)
, que consagrou o envio de parte dos processos da operação para a Justiça Eleitoral.
"Faremos tudo que for legítimo e estiver ao alcance para defender o trabalho da Lava Jato . Infelizmente, contudo, isso foge ao nosso controle. A anulação dos casos será discutida por 2, 3, 5, 10 anos em HCs e recursos em várias instâncias na Justiça Federal e Justiaç Eleitoral. E sugará energia das investigações", escreveu Deltan Dallagnol em rede social, neste sábado (16).
A declaração do procurador se deu em resposta a comentário do jornalista Merval Pereira, que sugeriu uma espécie de 'manobras jurídicas' para o MPF, frente à nova orientação do STF . O jornalista propõe, por exemplo, que a Procuradoria deixe de fazer denúncias por crime de caixa dois (o que puxaria o processo para a Justiça Eleitoral), e passem a focar apenas em crimes como corrupção e lavagem de dinheiro, por exemplo.
A estratégia tem precedentes nas investigações do petrolão. Quando o ministro Gilmar Mendes proferiu decisão que proibía o instrumento da condução coercitiva para investigados, em dezembro de 2017, por exemplo, os procuradores passaram a pedir a prisão temporária (com duração de cinco dias, prorrogáveis por mais cinco) para realizar interrogatórios.
Na mesma linha de Dallagnol, outro integrante da força-tarefa que atua em Curitiba também publicou mensagem neste sábado – véspera do aniversário de cinco anos da operação. "A causa anticorrupção é nobre e merece de todos nós brasileiros, agentes públicos ou não, muito esforço e dedicação. Continuemos nessa boa luta. Ela é apaixonante e contrária à raiva", escreveu o procurador Roberson Pozzobon.
Deltan Dallagnol já havia lamentado anteriormente a decisão apoiada por 6 dos 11 ministros do Supremo quanto à competência da Justiça Eleitoral em julgar crimes comuns relacionados a caixa dois.
Na noite de quinta-feira (14), dia em que o julgamento foi realizado no STF, o procurador disse: "Hoje, começou a se fechar a janela de combate à corrupção política que se abriu há 5 anos, no início da Lava Jato ".