Aloysio Nunes foi alvo de mandados de busca e apreensão na Operação Lava Jato na semana passada
Marcelo Camargo/Agência Brasil - 9.2.18
Aloysio Nunes foi alvo de mandados de busca e apreensão na Operação Lava Jato na semana passada

Documentos obtidos pelos investigadores da Operação Lava Jato por meio de cooperação internacional com autoridades da Suíça comprovam que o ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, solicitou cartões em nome do senador e ex-ministro Aloysio Nunes (PSDB). As informações fizeram com que o tucano se tornasse alvo de mandados de busca e apreensão cumpridos pela Polícia Federal , na semana passada, em São Paulo. 

O teor de e-mails trocados por funcionários do banco suíço Bordier & Cie foi revelado nesta quinta-feira (28) pelo jornal O Estado de São Paulo . Os documentos atestam que Paulo Preto encomendou a entrega de cartão carregado com 10 mil euros para Aloysio Nunes , mas com a orientação de que ele não deveria indicar seu nome.

O envio do cartão ocorreu em 2007, quando Aloysio era chefe da Casa Civil do governo José Serra (PSDB) em São Paulo. Segundo os e-mails, a entrega do cartão foi efetuada no hotel Majestic, em Barcelona, na Espanha.  "Confirmo que entregamos um cartão ao Sr. Aloisio Nunes Ferreira em 20.12.2007 e que o creditamos com Eur 10’000. – de acordo com o pedido do gestor pelo conta 13’606-978”, aponta o documento.

A conta mencionada nos e-mails foi aberta no banco de Genebra em nome da offshore Groupe Nantes, controlada pelo ex-diretor da Dersa, que é suspeito de operar propina para agentes do PSDB com recursos desviados de contratos com empreiteiras como a Odebrecht e a Camargo Corrêa.

A força-tarefa da Lava Jato em Curitiba já reportou à Justiça Federal em Curitiba que o banco emitiu 11 cartões, entre os anos de 2007 e 2016, em nome de Aloysio, do ex-diretor da Dersa e de Ruth Arana de Souza, ex-mulher de Paulo Preto .

O Ministério Público Federal pediu autorização para cobrar esclarecimentos dos investigados a respeito da emissão dos cartões, o que foi autorizado nessa quarta-feira (27) pela juíza Gabriela Hardt, da 13ª Vara Federal de Curitiba.

Leia também: PF acha carregadores e nenhum celular na casa de Paulo Preto; MPF vê obstrução

A magistrada deu prazo de cinco dias para as defesas se manifestarem. "Para abreviar a questão e considerando que a providência não acarretará prejuízo algum aos investigados e seus defensores, intimem-se as Defesas para que apresentem os esclarecimentos solicitados pelo MPF. Prazo de 5 dias", escreveu Hardt.

Na semana passada, quando foi deflagrada a operação que culminou na prisão preventiva de Paulo Preto, Aloysio Nunes negou que tenha praticado atos que pudessem "comprometer a lisura" de sua conduta. "Não tenho, em minha consciência, o que possa comprometer a lisura que sempre mantive com o padrão de minha conduta", disse o tucano ao  pedir demissão do cargo de presidente da InvestSP ao governador paulista, João Doria (PSDB).

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