A Corregedoria do Senado enviará à Polícia Federal as imagens das câmeras de segurança do plenário e também os registros feitos pelos próprios senadores com seus celulares durante a votação para eleger o novo presidente da Casa
, ocorrida no início deste mês.
O material será periciado pela PF a fim de elucidar quem foi o responsável pelo voto duplicado que levou a urna a receber 82 cédulas de papel , quando o Senado abriga apenas 81 parlamentares. Na ocasião da tentativa de fraude, a mesa diretora decidiu refazer a votação, num imbróglio que culminou na desistência de Renan Calheiros (MDB-AL) quanto à sua candidatura, abrindo caminho para a vitória de Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Imagens do circuito interno de vigilência, obtidas na semana passada pela reportagem do jornal O Estado de São Paulo , mostraram que há seis senadores tidos como suspeitos pelo voto adicional.
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Reportagem da revista Crusoé divulgou foto do momento em que o senador Mecias de Jesus (PRB-RR) deposita seu voto na urna. A superfície do papel é diferente do envelope oficial utilizado na votação, o que fez com que Mecias passasse a ser apontado como principal suspeito.
Essa imagem, registrada pelo fotógrafo Marcelo Oliveira, que trabalha para o próprio Senado, estará no pacote a ser enviado pelo corregedor da Casa, senador Roberto Rocha (PSDB-MA), à Polícia Federal. A disponibilização do trabalho da perícia da PF foi oferecido pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, e pelo diretor-geral da Polícia Federal, Mauricio Valeixo.
Em nota, a assessoria do senador senador Mecias de Jesus negou que o parlamentar tenha tentado fraudar a eleição e disse que ele não foi informado pela Corregedoria "sobre a suposta suspeição sobre seis senadores”. “Mecias de Jesus está com a consciência limpa”, diz a nota, enviada à reportagem do Estadão .
A adoção dos votos em cédulas de papel depositados em uma urna de madeira na eleição para a presidência do Senado foi definida após novela que envolveu até mesmo o Poder Judiciário. Senadores da ala pró-Renan contestavam a adoção do voto aberto, aprovada pela maioria no plenário, e o caso chegou às mãos do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli. O magistrado restabeleceu o voto secreto , mas, contrariados, os senadores instituíram o voto em papel para que, aqueles que quisessem, anunciarem suas escolhas.