Uma troca de mensagens de áudio entre o presidente Jair Bolsonaro e o então secretário-geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno, no dia 12 de fevereiro, foi divulgada pela revista Veja
. As mensagens desmentem a versão dada pelo capitão da reserva, que concordou com o filho, Carlos Bolsonaro, que afirmou que os dois não tinham se falado na data. A atitude de Carlos gerou uma crise interna no governo, que culminou na exoneração de Bebianno.
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No entanto, os áudios mostram que os dois, de fato, trocaram mensagens através do WhatsApp. Na primeira, Bolsonaro
diz para Bebianno cancelar uma reunião com o vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo Globo, Paulo Tonet Camargo. "Eu não quero ele aí dentro", disse o presidente, que disse que não quer que outras emissoras acreditem que ele está se aproximando da Globo.
Depois, o presidente ainda ordena o cancelamento de uma viagem de Bebianno e ministros Ricardo Salles, do Meio Ambiente, e Damares Alves, da Mulher, Família e Direitos Humanos para o Pará, onde discutiriam projetos para a Amazônia. "Quem tá patrocinando essa ida para a Amazônia? Quem tá sendo o cabeça dessa viagem à Amazônia? Essa viagem não se realizará, tá OK? ", disse o capitão reformado.
A revista ainda teve acesso a outros áudios trocados posteriormente entre o presidente e o então ministro. Nas mensagens, eles discutem sobre a crise desencadeada após Carlos Bolsonaro desmentir Bebbiano , que afirmou que havia conversado com o presidente por três vezes no dia anterior.
"Capitão, há várias formas de se falar. Nós trocamos mensagens ontem três vezes ao longo do dia, capitão. Falamos da questão do institucional do Globo. Falamos da questão da viagem. Falamos por escrito, capitão", disse o ex-presidente do PSL , que ainda atacou a portura de Carlos Bolsonaro. "Ele não pode atacar um ministro dessa maneira, nem a mim nem a ninguém" disse.
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"Falar que usou do Whatsapp para falar três vezes comigo, aí é demais da tua parte, aí é demais, e eu não vou mais responder a você", respondeu Bolsonaro, ríspido. "Você não falou comigo no dia de ontem", cravou o capitão reformado.
O presidente ainda acusa o companheiro de partido de plantar uma notícia para envolvê-lo na investigação de de supostos candidatos laranjas no PSL. "Querer empurrar essa batata quente desse dinheiro lá pra candidata em Pernambuco pro meu colo, aí não vai dar certo", disse.
"Quem ligou foi você, quem vazou foi você. Dá pra você entender o caminho que você está indo? E você tem que fazer uma reflexão para voltar à normalidade. Deu pra entender? Vou repetir: se você tentou falar comigo, um pra um, se alguém vazou pra Folha, não fui eu, só pode ser você", completou.
Durante toda a conversa, o então ministro nega as acusações e ataca Carlos Bolsonaro por dementí-lo em público. "Quando eu recebo esse tipo de coisa, depois de um post desse, é realmente muito desagradável. Inverta, capitão. Imagine se eu chamasse alguém de mentiroso em público", argumentou.
"Tanto assunto grave para a gente tratar. Tantos problemas. Eu tento proteger o senhor o tempo inteiro. Por esse tipo de ataque? Por que esse ódio? O que é que eu fiz de errado, meu Deus?"
Entenda a crise no governo Bolsonaro
Em denúncia no último dia 9 de fevereiro , o jornal Folha de S.Paulo informou que o PSL repassou verbas públicas para uma candidata a deputada federal em Pernambuco e quatro em Minas Gerais, suspeitas de serem candidatas laranjas , ou seja, candidatas que não fizeram campanha efetivamente.
Os repasses teriam sido autorizados pelo ex-secretário geral da Presidência que foi presidente do partido durante o período eleitoral. Depois de ser acusado, o advogado tentou afastar os boatos de que estava mal visto pelo presidente afirmando que ambos conversavam com frequência. "Só hoje falei com o presidente três vezes", disse na última terça-feira (12).
Depois disso, na quarta-feira (13), o filho do presidente e vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro , divulgou um áudio do pai afirmando que era uma "mentira absoluta" que ele teria conversado com o então ministro. A publicação foi repostada pelo presidente. Desde então, começou a pressão no Palácio do Planalto pela demissão de Gustavo Bebianno , o que só aconteceu nesta segunda-feira (18).