A Polícia Federal abriu procedimento para investigar a candidatura de Maria de Lourdes Paixão ao cargo de deputada federal pelo PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro. Candidata em Pernambuco, Lourdes Paixão recebeu apenas 274 votos nas eleições de 2018, apesar de ter sido a terceira maior recebedora de recursos do fundo partidário disponibilizados pela legenda, com R$ 400 mil.
A situação de Lourdes Paixão foi revelada no fim de semana pelo jornal Folha de S.Paulo . O mesmo jornal informou, nesta segunda-feira (12), que a ex-candidata do PSL foi intimada a prestar depoimento à Polícia Federal.
Dentro do partido, os R$ 400 mil recebidos em 2018 por Maria de Lourdes Paixão por meio do fundo partidário (composto por dinheiro público) ficam abaixo apenas dos R$ 1,8 milhão destinados a Luciano Bivar, presidente da legenda, e dos R$ 420 mil destinados à campanha do deputado Delegado Waldir, líder do PSL na Câmara.
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A quantia repassada à suposta candidata laranja é superior ao valor destinado ao próprio presidente Jair Bolsonaro pelo fundo partidário e também a outros fenômenos eleitorais da legenda, como a deputada federal Joice Hasselmann (que obteve 1,07 milhão de votos) e a deputada estadual Janaina Paschoal (2,06 milhões de votos). Ambos não receberam recursos do fundo partidário.
Além do alto montante repassado a uma candidatura inexpressiva, outro fator que motivou suspeitas por parte da Polícia Federal é a data em que o repasse foi efetivado.
De acordo com as informações repassadas pela campanha à Justiça Eleitoral, Lourdes Paixão recebeu os R$ 400 mil da Direção Nacional do partido no dia 3 de outubro, apenas quatro dias antes da eleição. No mesmo dia, a candidata contratou serviços de uma gráfica para a confecção de 5 milhões de santinhos, mesmo havendo apenas mais três dias para distribuição.
Segundo a reportagem da Folha , no endereço da nota fiscal emitida pela gráfica Itapissu, em Recife (PE), funciona já há mais de um ano uma oficina mecânica. Em outro endereço, que consta para a gráfica junto à Receita Federal, a reportagem do jornal encontrou uma pequena sala com duas mesas, onde não havia máquinas para impressão em larga escala.
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O presidente nacional do PSL , Luciano Bivar, negou à Folha que Lourdes Paixão tenha sido uma candidata laranja e também garantiu que a decisão de destinar R$ 400 mil do fundo partidário a essa candidata não passou por ele – embora o episódio tenha se passado justamente em seu reduto político, Pernambuco. À época das eleições, Bivar estava afastado da presidência da legenda, assumida àquele momento por Gustavo Bebbiano, hoje ministro da Secretaria de Governo de Bolsonaro.