Alvo de ameaças, o deputado federal Jean Wyllys (PSOL) anunciou nesta quinta-feira (24) que não irá assumir seu terceiro mandato na Câmara dos Deputados. O político, que se tornou um dos ícones na luta das minorias, ficou nacionalmente conhecido após participar do programa Big Brother Brasil, da TV Globo, em 2005.
Nascido em Alagoinhas, a 119 quilômetros de Salvador, na Bahia, Jean Wyllys cursou comunicação social na Universidade Federal da Bahia e depois realizou mestrado em Letras, especializando-se em cultura brasileira e baiana.
O ganhador da 5ª edição do BBB se destacou como uma liderança de movimentos sociais. E, em 2010, o baiano elegeu-se deputado federal pelo PSOL, no Rio de Janeiro. Em 2014, foi reeleito com 144 mil votos. Ativista e polêmico, o parlamentar lutou pela ampliação de direitos LGBTs, negros e das mulheres e foi alvo de diversas representação na Comissão de Ética da Câmara.
Em sua atuação, defendeu o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, a regularização da profissão de prostituta e a implementação de espaços de vivência específicos para travestis e transexuais em presídios.
Wyllys é autor de projetos como o que cria a campanha de conscientização e enfrentamento ao assédio contra as mulheres. Na área da educação, o deputado apresentou proposta para que fossem "vedadas quaisquer formas de proselitismo e discriminação" no ensino religioso.Contra o projeto conhecido como “Escola Sem Partido”, o parlamentar apresentou o "Escola Livre".
O deputado também é o autor da proposta que tenta revogar a reforma trabalhista do ex-presidente Michel Temer (MDB). O projeto ainda tramita na Casa. Seus projetos de lei incluem também o tratamento de doenças raras pelo SUS (Sistema Único de Saúde), a instituição de uma política nacional Griô, para proteção das tradições orais, e criação de uma Lei Empresa Ficha Limpa, que impeça empresas sob investigação criminal de participar de licitações públicas.
Um dos projetos de autoria do deputado aprovado na Câmara instituiu a campanha nacional de prevenção ao HIV/AIDS e outras infecções sexualmente transmissíveis, conhecida por Dezembro Vermelho.
Na Câmara, Wyllys participou da Frente Parlamentar Mista pela Cidadania LGBT, da Comissão de Educação, da Comissão de Cultura e da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Humanos, entre outras. Do mesmo partido da vereadora assassinada Marielle Franco, o parlamentar também foi coordenador da comissão que investiga o assassinato.
Entre as representações contra o deputado no Conselho de Ética da Câmera, a mais polêmica tratava sobre o episódio em que ele disparou uma cusparada contra o então deputado federal Jair Bolsonaro durante a votação do impeachment de Dilma Rousseff, em abril de 2016. Wyllys recebeu uma advertência por conta do caso.
Em sua defesa, o pessolista alegou que reagiu a ofensas homofóbicas de Bolsonaro , ditas anteriormente à data do episódio e também no dia. Bolsonaro negou a provocação e disse que no dia do impeachment dirigiu a Wyllys apenas a frase “Tchau, querida”, um dos bordões da campanha contra Dilma. Naquele dia, o deputado do Psol votou contra o impedimento da ex-presidente. Bolsonaro votou a favor.
Prêmios e homenagens a Jean Wyllys
Em 2011, Wyllys foi homenageado com o Prêmio Trip Transformadores, foi o segundo mais votado nas categorias “Melhor deputado” e “Parlamentar de futuro” em seu ano de estreia no Prêmio Congresso em Foco, foi eleito, pela revista Época, um dos 100 brasileiros mais influentes em 2011.
No ano de 2013, o deputado recebeu a Medalha de Honra ao Mérito Pedro Ernesto, oferecida pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro, o Troféu Nelson Mandela, por sua atuação em defesa da igualdade e foi eleito um do s 60 mais poderosos do país pelo iG .
Já em 2015, Jean Wyllys foi premiado, pela terceira vez seguida, como melhor deputado pelo Prêmio Congresso em Foco. Também passou a integrar a lista das 50 personalidades mundiais na defesa da diversidade pela revista inglesa The Economist, em sua Lista Global da Diversidade.