A Polícia Federal tenta desvendar quem seria a pessoa, apelidada de "Glutão", que, segundo investigações, teria recebido R$ 3 milhões do grupo Odebrecht, em Brasília, em maio de 2012. Esse é o quinto dos senadores envolvidos em um esquema de propinas com a empresa, que tinha como objetivo a compra da aprovação de um projeto no Senado Federal.
Leia também: PF faz buscas em investigação sobre pagamento de R$ 4 milhões em propina a Jucá
De acordo com informações do blog da jornalista Andreia Sadi, da TV Globo , uma perícia realizada nos sistemas de comunicação e de contabilidade informais da Odebrecht apontou o pagamento de pelo menos R$ 8,5 milhões, em 2012, aos cinco políticos.
Os quatro identificados são os senadores Romero Jucá (MDB-RR) e Renan Calheiros (MDB-RR) e os ex-senadores Delcídio do Amaral (sem partido-MS) e Gim Argello (sem partido-DF).
Esse pagamento, segundo a PF, comprou a aprovação do Projeto de Resolução do Senado 72/2010, que limitava a concessão de benefícios fiscais pelos estados em portos a produtos importados – a chamada guerra fiscal dos portos brasileiros. A decisão desses senadores beneficiou diretamente uma das empresas do grupo, a Braskem.
Leia também: MDB quer manter Presidência do Senado e não está negociando cargos, diz Jucá
Segundo as investigações, o pagamento dessa propina aos políticos era intermediado por outras pessoas. Em novembro, a PF deflagrou a Operação Armistício , justamente para recolher informações desses supostos intermediários.
Os mandados dessa operação foram previamente autorizadas pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), no inquérito 4382-STF. Ao todo, foram cumpridos sete mandados na cidade de São Paulo; um em Santos; e um em Campo Limpo Paulista. Os nomes dos envolvidos foram mantidos sob sigilo.
No entanto, apesar do avanço das investigações e do desdobramento das operações, um nome político continua oculto. A PF não conseguiu ainda entender quem seria o tal " Glutão
" citado nas planilhas de propina da construtora.
O inquérito a respeito desse caso foi aberto em abril de 2017. Na época, foram usadas como base delações premiadas de executivos e ex-dirigentes do grupo empresarial envolvido.
Leia também: PGR vai usar emails de Marcelo Odebrecht em inquérito contra Renan Calheiros
Na ocasião, o ex-executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho delatou à Procuradoria-Geral da República (PGR) o repasse de R$ 4 milhões a Jucá, que era líder do governo no Senado, para aprovação do projeto que limitou a concessão de benefícios fiscais a importados.