Documento da Polícia Federal mostra fotos de Lula com engenheiro da OAS no controverso sítio de Atibaia
REPRODUÇÃO/POLÍCIA FEDERAL
Documento da Polícia Federal mostra fotos de Lula com engenheiro da OAS no controverso sítio de Atibaia

O empreiteiro Marcelo Bahia Odebrecht, herdeiro da construtora, detalhou à Justiça Federal de Curitiba dezenas de e-mails que tratam sobre as obras realizadas em sítio de Atibaia , no interior de São Paulo. O imóvel é atribuído ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em ação penal da Lava Jato.

Em depoimento prestado nessa quarta-feira (7) à juíza  Gabriela Hardt, substituta de Sérgio Moro na condução dos processos operação, o empreiteiro disse que o conteúdo dessas mensagens, trocadas entre 2008 e 2013, "complicou" a situação do ex-presidente no processo do sítio de Atibaia .

"Um desses e-mails mostra que eu até combinei com o Palocci o seguinte: 'Vamos fazer aqui um débito na planilha Italiano de R$ 15 milhões que é para atender esses pedidos que nem eu e nem você ficamos sabendo que Lula e meu pai [Emílio Odebrecht] acertam", relatou o empreiteiro. "O sítio poderia se enquadrar no contexto do que eu acertei com o Palocci", continuou.

Marcelo disse que, quando soube da existência de acerto para realizar reformas no sítio em benefício do ex-presidente, ele se posicionou de modo contrário pois "achava que era uma exposição desnecessária". "Seria a primeira vez que a gente estaria fazendo alguma coisa pessoal para o ex-presidente Lula. E tinha um bando de gente trabalhando na obra, ou seja: a dificuldade de manter isso em sigilo era enorme", relatou o empreiteiro.

O empreiteiro confirmou ainda que Lula tinha "plena ciência" de que a reforma no sítio Santa Bárbara era custeada, em parte, pela Odebrecht. "Ele sabia que tinha. Eu não escutei isso do Lula, mas meu pai sempre deixou claro para mim que ele sabia que estava sendo custeado. E, dentro de casa, todos nós entendíamos que o sítio era de Lula."

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Esses e-mails foram entregues à Justiça em março deste ano, poucos meses após  Marcelo Odebrecht ganhar o direito de cumprir prisão domiciliar depois de dois anos e meio preso na carceragem da Polícia Federal no Paraná. Naquela ocasião, os advogados do empreiteiro afirmaram que os documentos "comprovam pedidos de ajuda financeira [...] que direta ou indiretamente beneficiaram Lula".

Em nota divulgada tão logo surgiram os e-mails no âmbito do processo da Lava Jato , os advogados de Lula asseguraram que os documentos "em nada abalam o fato de que o ex-presidente jamais solicitou ou recebeu da Odebrecht ou de qualquer outra empresa algum benefício ou favorecimento".

"O material não apenas é contraditório com o depoimento de Marcelo Odebrecht na delação premiada bem como em seu depoimento pessoal em outra ação. Laudo apresentado pela Polícia Federal mostrou que documentos atribuídos à Odebrecht foram adulterados. O fato é confirmado pelo depoimento prestado pelo ex-executivo da empresa, Fernando Migliaccio. O ex-advogado da Odebrecht Rodrigo Tacla Durán também já havia feito referência ao tema em depoimento prestado à CPMI da JBS e também em videoconferência feita com a defesa de Lula, que foi gravada e registrada em ata notarial", disse a defesa do petista.

Nessa ação penal, Lula responde por supostos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro por conta de reforma de mais de R$ 1 milhão pagos pela Odebrecht e OAS no sítio de Atibaia . O processo tem ainda outros 12 réus, numa lista que inclui os empreiteiros Léo Pinheiro (OAS), Emílio Odebrecht e seu filho, Marcelo Bahia Odebrecht, o pecuarista José Carlos Bumlai, o advogado Roberto Teixeira e Fernando Bittar, que é o dono oficial do imóvel no interior paulista.

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