Um dia depois de ser confirmada para o Ministério da Agricultura, a deputada federal Tereza Cristina (DEM-MS) afirmou, nesta quinta-feira (8), como será o perfil da pasta durante a sua gestão, no governo Bolsonaro. Segundo ela, os produtores esperam segurança jurídica, defesa da propriedade e um ministério “mais moderno”, incluindo o aumento no número de acordos comerciais.
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Em seu rápido pronunciamento à imprensa, a deputada disse ainda que o Ministério da Agricultura deve se concentrar na produção sustentável e na redução do que chama de “indústria de multas”, repetindo a expressão já usada com frequência pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL).
“Acabar com a indústria das multas, ter normas claras, ter um ambiente de negócios mais favorável. É o que o Brasil precisa para receber empreendimentos tanto externos quanto internos. Licenças serem mais ágeis não quer dizer perder segurança. Alguns processos precisam ser modernizados”, afirmou.
Ainda hoje, a deputada federal vai se encontrar com Bolsonaro. Na conversa, ela diz que pretende saber o "tamanho" que a sua pasta terá, se vai agregar a pesca e a agricultura familiar, por exemplo. Antes de assumir a pasta, Tereza Cristina pretende também encontrar-se com o atual ministro da Agricultura, Blairo Maggi, para ser informada de detalhes da área.
“Hoje a agricultura e a agropecuária brasileiras são o nosso motor. É o carro-chefe da nossa economia, então temos de ver o que mais está faltando para que este motor seja mais acionado porque capacidade de produção, nossos produtores têm.”
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Tereza Cristina avaliou que toda vez que o Brasil recebe “um chamamento” para produzir, o setor produtivo responde de forma “firme e acertiva”. “[Mas], é preciso ter mercado”, ponderou.
“Já produzimos suficiente para o nosso país com segurança, alimentos de qualidade, respeitando as regras. Temos um bom parque industrial, da agroindústria brasileira, e agora precisamos ver para onde podemos exportar e quais são os gargalos.”
Ao ser questionada sobre propostas em tramitação no Congresso relacionadas à defesa de propriedade e que podem enquadrar ocupações como ações terroristas, Tereza Cristina evitou se posicionar sobre os temas.
“Tenho um pouco de dúvidas porque já temos leis sobre isso. É uma coisa que tem de ser discutida com o [futuro] ministro [Justiça] Sergio Moro”, afirmou a deputada federal. Segundo ela, a equipe de transição trabalha também para analisar este tipo de assunto.
Outra preocupação de Tereza Cristina é o nome que será anunciado para assumir o Ministério das Relações Exteriores. “É muito importante este ministério andar junto com a Agricultura principalmente para [enfrentar] estes problemas externos que a gente pode ter, dependendo da condução política.”
Questionada sobre a possibilidade de transferência da Embaixada do Brasil de Tel Aviv para Jerusalém e o eventual impacto no mercado de carne, a deputada federal afirmou que precisa conversar com o presidente eleito sobre o tema. Segundo ela, recebeu telefonemas de empresários brasileiros, ligados ao setor, preocupados com ameaças de prejuízos.
Tereza Cristina espera ter uma relação “muito boa” com o titular que assumir o Ministério do Meio Ambiente. Ontem (7), integrantes da bancada ruralista afirmaram que o nome para o meio ambiente será indicado pelo grupo. Não foi citado um nome específico.
A deputada federal, no entanto, ressaltou que a escolha do nome para o meio ambiente é “exclusiva do presidente eleito” Jair Bolsonaro. Mas admitiu se consultada, fará sugestões de nomes que têm “gabarito” para assumir a missão.
Questionada se se sente desconfortável por ter sido citada na lista de doações da empresa JBS, Tereza Cristina confirmou a informação, mas disse ter sido de forma indireta e que está tranquila. “Eu não tive doação da JBS direto para mim. Foi uma doação via dois parlamentares do meu estado e como eu era deputada federal deram. Tenho tranquilidade, as doações foram legais e estão lá na minha declaração.”
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Segundo a deputada que vai comandar o Ministério da Agricultura , é preciso ter transparência para garantir a governabilidade. “Quem quiser olhar, não tem problema. Vamos ter tratamento igual para todos. Nós precisamos ter um Brasil transparente com governança.”
* Com informações da Agência Brasil.