A disputa pela Presidência da República terá segundo turno entre os candidatos Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT). O resultado foi matematicamente confirmado pela Justiça Eleitoral às 20h50 da noite deste domingo (7), com 95% das urnas apuras.
O candidato Jair Bolsonaro chegou a flertar com a vitória em primeiro turno, mas parou em 46,1% dos votos válidos (49,2 milhões), contra 29,1% do candidato Fernando Haddad (31 milhões). Ciro Gomes (PDT), que surgia como uma terceira via nessa disputa, ficou com 12,4% dos mais de 106 milhões de votos válidos registrados em todo o País.
A sequência dos mais votados ficou assim: Geraldo Alckmin (PSDB), com 4,7%; João Amoêdo (Novo), com 2,5%; Cabo Daciolo (Patriota), com 1,2%; Henrique Meirelles (MDB), com 1,2%; e Marina Silva (Rede), com 1%.
Abaixo da casa dos 1% aparecem: Álvaro Dias (Podemos), com 0,8%; Guilherme Boulos (PSOL), com 0,5%; Vera Lúcia (PSTU), com 0,05%; José Maria Eymael (DC), com 0,04%; e João Goulart Filho (PPL), 0,03%.
Brancos e nulos somaram mais de 10 milhões de votos, cerca de 9% do total registrado. Quase 30 milhões de eleitores não participaram da votação deste domingo.
Reações após a votação
Após a confirmação do resultado, Bolsonaro fez transmissão ao vivo na internet para agradecer seus eleitores e disse que irá buscar o apoio do Nordeste , única região do País em que ele foi derrotado. O candidato do PSL também rogou para que sua militância continue mobilizada até o próximo dia 28.
Haddad, por seu turno, fez pronunciamento ao lado de apoiadores em São Paulo. O petista disse que ir ao segundo turno é uma "oportunidade de ouro" e pregou a união no País. O candidato também alertou que a democracia no Brasil "corre riscos" e garantiu que sua campanha colocará a "soberania nacional" "acima de qualquer outro interesse".
Ciro Gomes reconheceu o resultado das urnas e disse que vê o cenário do País com "muita angústia". Ele não confirmou se subirá em palanque para Haddad, mas garantiu que Bolsonaro não terá seu apoio. "Eu represento um conjunto muito grande de forças. Vou seguir o meu espírito, que é lutar em defesa da democracia e contra o fascismo. Ele não, sem dúvida", disse o candidato.
Guilherme Boulos, por sua vez, declarou que irá apoiar Haddad no segundo turno, pois ele "representa a democracia". O candidato Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou que terá reunião com a cúpula de seu partido na terça-feira (9) para definir os rumos da legenda.
Marina Silva exaltou sua campanha e lamentou que a "velha polarização" representada por Bolsonaro e Haddad tenha prejudicado candidaturas que fugissem à dupla. "Fizemos uma campanha linda, baseada em proposta e em propósitos", disse. "Infelizmente, a velha polarização se tornou tóxica nesta campanha. As candidaturas que não estavam nesses pólos tóxicos acabaram sofrendo esvaziamento em função do voto útil", lamentou.
Segundo turno será de polarização
O resultado salienta a polarização entre forças anti-PT e anti-Bolsonaro, que deram o tom de toda a campanha eleitoral. Os dois candidatos que avançam ao segundo turno da eleição são também aqueles que detêm os maiores índices de rejeição.
De acordo com as últimas pesquisas de intenções de voto, Bolsonaro é favorito a vencer a disputa contra Haddad, mas os dois empatam dentro da margem de erro.
O resultado também marca o derretimento de figuras tradicionais e até então populares da política brasileira, a começar por Marina Silva (Rede Sustentabilidade). Dona de mais de 22 milhões de votos nas eleições de 2014, a ex-ministra do Meio Ambiente surgia na pré-campanha como principal candidata a desafiar Bolsonaro em um cenário sem Lula, mas não conseguiu cativar o eleitorado com sua proposta de terceira via.
Após a confirmação de Haddad na disputa, o que se viu foi uma ininterrupta desidratação de Marina, que perde, por enquanto, para candidatos como Daciolo e Amoêdo e corre o risco de ficar sem relevância no cenário nacional.
Alckmin também sai menor do que entrou em sua segunda corrida presidencial. O preferido do "centrão" fica abixo dos 5% dos votos, apesar de ter dominado metade do tempo destinado aos candidatos na propaganda eleitoral em rádio e TV.
Parte de seus aliados abandonou a campanha antes mesmo do fim, aderindo ao ascendente Bolsonaro. O posicionamento do PSDB no segundo turno permanece uma incógnita, e analistas cogitam até um "racha" entre caciques do partido, como Fernando Henrique Cardoso e Tasso Jereissati, e as alas mais jovens.
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Amoêdo, por sua vez, colocou o partido Novo, surgido na esteira dos protestos pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, à frente de nomes mais tradicionais, como Marina, ou com campanhas mais caras, como a de Henrique Meirelles. A legenda ainda pode ter uma oportunidade de mostrar rapidamente como seria no poder, caso vença o segundo turno em Minas Gerais com Romeu Zema.