Debate para governador de São Paulo é marcado por generalidades
Divulgação/TSE
Debate para governador de São Paulo é marcado por generalidades

Aconteceu nesta terça-feira (2) o último debate entre os candidatos ao governo do estado de São Paulo antes do primeiro turno. Organizado e transmitido pela TV Globo, o encontro contou com a presença dos principais postulantes ao cargo. Estiveram no debate para governador de São Paulo os políticos João Doria (PSDB), Luiz Marinho (PT), Marcelo Candido (PDT), Márcio França (PSB), Paulo Skaf (MDB), Lisete Arelaro (PSOL) e Rodrigo Tavares (PRTB).

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Com um tom morno e muito em função do modelo escolhido pela emissora, reinou no debate para governador de São Paulo perguntas generalistas, antecedidas por longas explanações sobre os próprios feitos dos que perguntavam.  

No primeiro bloco, os candidatos perguntaram uns para os outros, com ordem definida por sorteio e tema livre. O primeiro escolhido para responder foi João Doria, que foi questionado por Rodrigo Tavares sobre sua proposta para a saúde. Os dois protagonizaram, ao longo do debate, cinco “dobradinhas” – comenta-se, nos bastidores, que Doria pode apoiar Jair Bolsonaro (PSL), da coligação de Tavares, no segundo turno das eleições presidenciais.

O tucano prometeu viabilizar recursos para a construção de Santas Casas e hospitais municipais.

Depois, foi a vez de Marcelo Candido perguntar para o atual governador, Márcio França , que respondeu sobre projetos para segurança pública e violência policial. “São Paulo tem a melhor polícia do Brasil. Fizemos projetos para equipar melhor os agentes, mas isso não pode ser confundido com violência solta”, explicou França.

Na réplica, o pedetista afirmou que a população negra sofre um “genocídio” no Brasil por parte da polícia. Em sua tréplica, França afirmou que a primeira coisa que pretende fazer é dar mais oportunidade aos jovens carentes. “A cidade onde fui prefeito (São Vicente) era uma das mais violentas do estado, mas conseguimos diminuir os índices com projetos de educação”, afirmou.

Paulo Skaf foi escolhido por Lisete Arelaro, que questionou o adversário sobre o suposto “fracasso” do governo de Michel Temer, colega de partido de Skaf. O emedebista minimizou, dizendo que “todos os partidos estão fragilizados”. Depois, disse que sua história de vida fala mais que seu partido..

Paul Skaf foi o próximo a perguntar pela ordem do sorteio e escolheu Luiz Marinho para responder sobre projetos sobre o sistema carcerário. O petista usou mais da metade do seu tempo para se apresentar e atacar os adversários Paulo Skaf e João Doria. Com o tempo se aproximando do fim, o ex-prefeito de São Bernardo prometeu combater o crime organizado.

O segundo bloco seguiu os mesmo moldes do primeiro, mas com tema sorteado. Luiz Marinho foi sorteado com o tema trabalho/emprego e questionou João Doria sobre o “desastre” do governo Temer e o desemprego.

“Desastre foi o governo Dilma”, respondeu o tucano, que atacou os governos petistas. “Foram responsáveis pelo maior escândalo de corrupção da história do Brasil. Ou melhor, da história do mundo”.  Marinho, por seu turno, lembrou a condenação de Doria por improbidade administrativa.

Lisete Arelaro pegou o tema moradia e questionou Márcio França sobre seu projeto para desapropriações de imóveis com dívidas para moradia popular. "Quero governar para o interior e para a capital. Precisamos fazer lotes urbanizados no interior, com crédito da prefeitura e mutirões. Na capital, é preciso tirar os prédios abandonados no centro da cidade", respondeu o governador.

Com o tema saneamento básico, João Doria escolheu Paulo Skaf sobre seu projeto para a Sabesp. “Não quero privatizar a Sabesp, é uma empresa boa”, respondeu o emedebista, que disse que pretende corrigir erros como o vazamento de água. Ele ainda disse ter um projeto para despoluir os rios Pinheiros e Tietê.

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Em sua réplica, Doria também prometeu a limpeza dos rios, mas com investimento de empresas privadas e não com dinheiro público. Na tréplica, Skaf atacou o projeto de limpeza do PSDB, e disse que é preciso primeiro melhorar o tratamento de esgoto, para depois conseguir fazer a limpeza dos rios.

No bloco seguinte, os candidatos voltaram a perguntar uns para os outros com tema livre. Desta vez, cada postulante ao governo poderia ser escolhido para responder até duas perguntas. Skaf foi o primeiro, perguntando para Rodrigo Tavares sobre seu projeto para a educação.

O candidato do PRTB afirmou que pretende acabar com a progressão continuada, valorizar os professores e inserir a tecnologia nas salas de aula para dialogar melhor com os jovens. Skaf prometeu implementar o “sistema Sesi” em todas as escolas públicas do estado.

Márcio França escolheu Paulo Skaf para falar sobre a fila das creches. Os dois candidatos concordaram que a construção das creches deve ser uma prioridade para o governo do estado. “É preciso trazer recursos federais para viabilizar esse projeto”, disse Skaf. “Já fizemos as contas e é possível o estado ajudar os municípios”, rebateu França.

Candido também escolheu perguntar para Skaf e os dois fizeram um “ping pong” para criticar os governos tucanos. “É preciso mudar” respondeu o emedebista. O pedetista concordou, afirmando que o estado regrediu nos últimos anos.

João Doria foi chamado por Lisete Arelaro para discutir políticas para as mulheres. Questionado se concorda com as posições do presidenciável Jair Bolsonaro sobre suas posições em relação às mulheres, o tucano disse que não e voltou a relembrar de seu projeto sobre as Delegacias da Mulher.

Luiz Marinho voltou a chamar Marcelo Candido para o centro do debate. Novamente, os dois candidatos utilizaram o tempo para criticar João Doria. Candido lembrou os tempos do tucano à frente da Embratur durante o governo de José Sarney, relembrando casos de corrupção envolvendo o nome de Doria.

O quarto bloco seguiu os mesmos moldes do segundo, com temas sorteados, mas com cada candidato podendo responder até duas perguntas. Sobre ajuste fiscal, Skaf escolheu Rodrigo Tavares para discutir sobre o orçamento do estado. O emedebista prometeu não aumentar os impostos e cortar gastos públicos.

Márcio França sorteou o tema segurança pública e chamou João Doria, questionando o tucano sobre sua afirmação de que a polícia deveria “atirar para matar”. “Não foi isso que eu falei. O que disse foi que, numa situação de embate, é preferível a morte de um bandido a de um cidadão de bem ou a de um policial”, defendeu-se Doria, que ainda prometeu a implementação de drones e a blindagem de veículos policiais.

França endureceu o discurso contra o adversário. “Sua campanha não me parece verdadeira, e sim uma questão de marketing”, disse o governador. Interrompido pelo ex-prefeito da capital paulista, França atacou: “Eu conheço você, João. Você não manda nas pessoas e as coisas não podem ser sempre do jeito que você quer”, afirmou.

Em sua tréplica, o tucano também atacou o adversário, dizendo que ele teria sido “líder do governo Lula” e estaria escondendo ser de esquerda. Ele também foi interrompido por França em sua resposta.

No bloco final, os candidatos fizeram suas considerações finais. Lisete utilizou seu tempo para lembrar que era a única candidata mulher e para exaltar o trabalho de seus colegas de PSOL na Câmara.

Doria relembrou sua história de vida e afirmou que vai abrir mão de seus salários caso seja eleito. Ele ainda prometeu programas para as mulheres e privatizações. Rodrigo Tavares voltou a se apresentar e se colocou como o “candidato da mudança” e contra a corrupção.

Paulo Skaf agradeceu os eleitores e pediu um voto de confiança. “Eu garanto que ninguém irá se arrepender. Eu vou conseguir mudar São Paulo”, disse. Marcelo Candido fez questão de agradecer sua família e ao PDT. Ele também aproveitou para defender a candidatura de Ciro Gomes para a Presidência da República.

Márcio França fez um apelo contra o pessimismo e lembrou que é um candidato ficha limpa. “Eu não traio os meus amigos”, disse o atual governador, em uma indireta para Doria. Último a se pronunciar no debate para governador de São Paulo , Luiz Marinho fechou o evento dizendo que do “time de Lula” e prometeu fazer um estado para a família trabalhadora. Ele ainda fez um protesto contra a Rede Globo que, segundo ele, protegeu o candidato João Doria durante o debate.

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