A campanha do candidato à Presidência Fernando Haddad (PT) pagou R$ 2,1 milhões à empresa Rental, que tem em seu quadro de sócios o publicitário Giovane Favieri, réu na Operação Lava Jato
, e o marqueteiro Valdemir Garreta, delator que admitiu ter recebido US$ 700 mil da Odebrecht em campanha no Peru.
A Rental é a maior recebedora da campanha de Fernando Haddad , que declarou à Justiça Eleitoral ter adquirido despesas na monta de R$ 3,3 milhões até a última terça-feira (25). Conforme informado pela coligação Povo Feliz de Novo, a empresa de Favieri e Garreta presta serviço de locação de equipamentos e estrutura de gravações para a produção de programas de rádio, televisão ou vídeo do candidato.
Giovane Favieri foi denunciado ao juiz federal Sérgio Moro em outubro de 2016. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), o publicitário utilizou uma de suas empresas para lavar parte dos R$ 12 milhões obtidos pelo pecuarista José Carlos Bumlai por meio de empréstimo fraudulento junto ao Banco Schahin. O esquema de lavagem teria se dado em 2004 no âmbito de campanha para o Dr. Helio (PDT), então candidato a prefeito de Campinas (SP). Esse processo ainda não foi julgado pelo juiz da Lava Jato .
A campanha
de 2018 não é a primeira em que Favieri presta serviços a Haddad. Em 2016, a F5BI produções, outra empresa que tem o publicitário como sócio administrador, foi a maior recebedora da campanha do petista pela reeleição na Prefeitura de São Paulo.
Foram declarados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) gastos de R$ 3,55 milhões com a empresa, mas Favieri reclamou na Justiça que a campanha petista deu calote nele e pagou apenas R$ 653 mil. À época, Haddad reconheceu a dívida e informou que ela foi repassada para quitação pelo diretório municipal do PT em São Paulo.
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Sócio de empresa contratada por Fernando Haddad é investigado por dinheiro da Odebrecht e JBS
O outro sócio da Rental, Valdemir Garreta, é colaborador em investigação sobre caixa dois da Odebrecht para a campanha de Ollanta Humala, eleito presidente do Peru em 2011. O publicitário admitiu, em acordo com autoridades peruanas, que recebeu US$ 700 mil da construtora para ajudar a eleger Humala, suspeito de assinar contratos de obras públicas com a empreiteira brasileira como contrapartida. Garreta chegou a passar quase um ano preso, mas foi solto em abril deste ano.
Garreta também é citado em denúncia oferecida no ano passado pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o chamado 'quadrilhão do PT' . Segundo relatou Janot ao Supremo Tribunal Federal (STF), o marqueteiro teria recebido R$ 3 milhões em espécie da JBS no âmbito da campanha de Alexandre Padilha (PT) ao Governo de São Paulo, em 2014.
A denúncia menciona que o pagamento a Garreta, em parcelas de R$ 1 milhão e de R$ 2 milhões, consta de planilha entregue pelo executivo Ricardo Saud no âmbito de seu acordo de delação premiada.
Ao jornal O Estado de São Paulo , primeiro a reportar os pagamentos da campanha de Haddad à Rental, Giovane Favieri rechaçou as acusações às quais responde no âmbito da Lava Jato e garantiu que sua empresa "faz tudo nos conformes" na atual campanha do petista. “Somos apenas prestadores de serviços”, atestou. Valdemir Garreta e a campanha de Fernando Haddad não quiseram se manifestar sobre o assunto.