O Ministério Público Federal e a Polícia Federal deflagraram, na manhã desta sexta-feira (28), a Operação Cash Delivery em Goiás. Essa operação tem como objetivo colher provas da prática de crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa atribuída ao ex-senador e ex-governador Marconi Perillo (PSDB) em colaborações premiadas de executivos da Odebrecht.
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De acordo com os investigadores, a operação tenta identificar o destino de aproximadamente R$ 12 milhões em recursos desviados. São cumpridos cinco mandados de prisão temporária e 14 mandados de busca e apreensão. A Polícia Federal chegou a informar que um dos mandados de prisão expedidos era contra o próprio Marconi Perillo , mas, posteriormente, a informação foi corrigida.
Candidato ao Senado, o ex-governador não poderia mesmo ser preso pois, de acordo com a legislação eleitoral, desde o dia 22 de setembro e até dois dias após pleito, nenhum dos candidatos às eleições 2018 pode ser preso ou detido, a menos que seja flagrado cometendo crime. A chamada imunidade eleitoral de candidatos está prevista no Código Eleitoral (Lei 4.737, de 1965) e começa a valer 15 dias antes da eleição.
Além do ex-governador de Goiás, estão entre os investigados empresários, agentes públicos e doleiros. Também foi preso José Rincon, coordenador de campanha do governador de Goiás, José Eliton (PSDB), que disputa a sua reeleição.
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Os mandados são cumpridos nas cidades goianas de Pirenópolis, Aruanã, Aparecida de Goiânia, e Goiânia, além de Campinas (SP) e São Paulo. Cerca de 65 policiais participam das ações.
Por meio de nota, o MPF informou que a Operação Cash Delivery é um desdobramento das investigações da Operação Lava Jato, e decorre de acordos de leniência e colaboração premiada firmados pelo MPF com a Construtora Norberto Odebrecht e seus executivos.
De acordo com tais delações, quando ainda era senador e, depois, também como governador, Marconi solicitou e recebeu propina no valor de, em 2010, R$2 milhões e, em 2014, R$10 milhões, em troca de favorecer interesses da empreiteira relacionados a contratos e obras no Estado de Goiás.
Ainda em nota, o MPF informa que o caso foi remetido à primeira instância a partir da renúncia de Marconi ao mandato de governador de Goiás e a consequente perda de foro privilegiado. O caso foi então assumido pelo Núcleo de Combate à Corrupção do MPF em Goiás e pela Polícia Federal.
A investigação foi iniciada em junho de 2017, perante o Superior Tribunal de Justiça (STJ). Segundo a nota do MPF, em julho de 2018 a Justiça Federal autorizou acesso a e-mails e a extratos de ligações telefônicas dos investigados, bem como às suas respectivas localizações, com base em informações das antenas das operadoras de celulares.
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Marconi Perillo ainda não se pronunciou publicamente a respeito da Operação Cash Delivery e dos mandados emitidos contra ele.
* Com informações da Agência Brasil.