Foi deflagrada nesta terça-feira (25), em Portugal, a 54ª fase da Operação Lava Jato
. Trata-se da segunda fase da operação no exterior, onde foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão em endereços ligados a um suposto operador financeiro responsável por pagamentos de propinas da Odebrecht.
O alvo dessa nova etapa da Lava Jato é Mário Ildeu de Miranda, acusado de ter atuado de modo "decisivo" no envio de ao menos US$ 11,5 milhões para contas secretas no exterior. Essa quantia é parte de um total de US$ 56,5 milhões em propina que teriam sido pagos pela Odebrecht a funcionários da Petrobras no período entre 2010 e 2012 em contrapartida à obtenção de um contrato de US$ 825 milhões firmado entre a estatal e a construtora.
Mário chegou a ser preso preventivamente em maio deste ano, quando foi deflagrada a 52ª fase da operação (ele deixou a prisão após pagar fiança na monta de R$ 10 milhões). Naquela ocasião, o investigado não foi preso de imediato pois havia deixado o Brasil na véspera, com destino a Portugal.
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Lava Jato busca malas e dispositivos pessoais
De acordo com os investigadores, Mário deixou sua casa antes da chegada dos policiais levando consigo quatro grandes malas de viagem e seus dispositivos eletrônicos. Dias mais tarde, ele se entregou às autoridades brasileiras, mas não foram encontradas as malas e dispositivos pessoais que ele havia levado para o exterior.
Os mandados de busca e apreensão cumpridos nesta terça-feira em Lisboa visaram justamente encontrar esse material e ainda identificar provas de outros crimes, ainda não denunciados, para a continuidade das investigações. As ordens judiciais contra o operador da Odebrecht foram cumpridas por autoridades portuguesas, acompanhadas por um procurador brasileiro, após o juiz Sérgio Moro autorizar o pedido de cooperação internacional.
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As medidas cumpridas hoje em Portugal correspondem à segunda fase internacional da Operação Lava Jato . A primeira fase realizada no exterior, também em Lisboa, Portugal, ocorreu em 21 de março de 2016, e teve como alvo o operador financeiro Raul Schmidt. Em nota, o procurador da República Júlio Noronha, que acompanhou as buscas de hoje em Lisboa, disse que a realização dessa operação "consolida uma nova perspectiva das investigações". "Vamos atrás das provas onde elas estiverem. As fronteiras nacionais não impedem as investigações. Como as medidas cumpridas evidenciam, a realidade é que o Ministério Público Federal, com o auxílio de autoridades estrangeiras, hoje busca não apenas bens e valores mantidos no exterior, mas provas dos crimes cometidos no Brasil”, declarou.