
As declarações do general Hamilton Mourão (PRTB), candidato a vice-presidente na chapa com Jair Bolsonaro (PSL), criticando direitos trabalhistas como o 13º salário e o pagamento do adicional de férias devem servir de munição para os adversários do candidato do PSL ao Planalto. Ao menos cinco candidatos reagiram ao vice de Bolsonaro, que classificou o 13º salário como "jabuticaba brasileira" e uma "mochila nas costas dos empresários".
A equipe de campanha do candidato Geraldo Alckmin (PSDB) preparou às pressas propaganda para o horário eleitoral desta quinta-feira (27) atacando as declarações do vice de Bolsonaro , conforme reportado pelo jornal Folha de S.Paulo . "A campanha de Bolsonaro é contra o 13º salário", diz a peça publicitária de Alckmin, que já vinha elevando o tom dos ataques ao candidato do PSL, líder nas pesquisas de intenções de voto até aqui.
Em sua conta no Twitter, Alckmin chamou a campanha de Bolsonaro de "lamentável", citando outras polêmicas envolvendo o próprio Mourão, o economista Paulo Guedes (guru econômico do candidato do PSL), e o filho mais novo do presidenciável, Carlos Bolsonaro .
"A campanha de Bolsonaro é lamentável. O filho, vereador pelo RJ, passa o dia me atacando com mentiras. Ontem, imitando o pai, fez apologia à tortura. O vice, depois de ofender indígenas, negros e mulheres, ataca agora o 13º e as férias dos trabalhadores. E querem a volta da CPMF", escreveu o tucano, que também criticou a reação de Bolsonaro às declarações de seu vice .
"Bolsonaro tenta disfarçar a real intenção de sua campanha dizendo que o 13º salário está na Constituição. O fato é que eles já declararam que vão fazer uma nova Constituição. E não será escrita pelos representantes escolhidos pelo povo, mas por uma comissão de 'notáveis'", reclamou.
PT, Boulos e Álvaro Dias condenam declaração do vice de Bolsonaro
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O Partido dos Trabalhadores (PT), do candidato Fernando Haddad, também reagiu às falas do general Mourão . Em nota divulgada nesta tarde, o PT classifica as declarações do militar da reserva do Exército como "mais uma ameaça ao nosso povo". "O décimo-terceiro salário é uma conquista histórica da classe trabalhadora, assim como a gratificação de férias, incorporada democraticamente à Constituição de 1988. É inacreditável que alguém se candidate a governar o País propondo massacrar ainda mais os trabalhadores", diz o partido.
O candidato Guilherme Boulos (PSOL) também atacou o vice de Bolsonaro, dizendo que "o projeto de Brasil de Mourão é o dos direitos políticos durante a ditadura militar com os direitos trabalhistas de antes da abolição da escravidão".
Na mesma linha, o candidato Álvaro Dias (Podemos) disse que a declaração é "imperdoável". "A fala de Mourão contra 13º e férias é imperdoável, porque defende um retrocesso, especialmente para o trabalhador, que tem sofrido demais com uma política draconiana do governo, que esmaga o setor produtivo com extorsão tributária que impede os cidadãos de ganharem o que merecem", afirmou.
Ainda internado no Hospital Albert Einstein se recuperando de faca sofrida no dia 6 deste mês, Jair Bolsonaro mais uma vez repreendeu seu vice e saiu em defesa do pagamento do 13º salário. Esta não foi a primeira vez que o vice de Bolsonaro
foi chamado à atenção. Ao longo deste mês, o candidato do PSL já havia se movimentado para minimizar outra polêmica engendrada pelo general Mourão, que disse que casas sem figuras masculinas são "fábricas de desajustados"
.